POLÍTICA, ESTUPIDEZ E PIDISMO
O IRRITADO sabe que o que aqui diz vai ser objecto, expresso ou não, das mais radicias críticas. A avaliar pela mentalidade, por exemplo, do senhor Óscar Mascarenhas, grande representante da “informação” em Portugal – que acha, por exemplo, que os briefings do governo são manifestação de fascismo e que um jornalista, perante duas versões do mesmo acontecimento, em vez de noticiar deve escolher a “melhor” – tudo é possível quando a sanha policial ao serviço do botabaixismo toma o lugar do interesse geral.
É sabido que os contratos de substituição, designados por “swap”, são uma forma legítima e normal de contratação financeira, usados por muita gente, dos particulares aos Estados. O que não impede de haver os que são celebrados por gente séria e inteligente e aqueles que gente estúpida, pouco séria ou oprtunista (quem vier atrás que feche a porta!) aproveita para mascarar os seus próprios falhanços e malfeitorias.
Sabido que é que, nos ominosos tempos em que o PS “governava”, tal instrumento foi usado de qualquer maneira, ao sabor das circunstâncias e das conveniências do momento, sem que a “tutela” ligasse pevas ao assunto. Tratava-se de mais uma manobra de desonesta desorçamentação, o que era comum - está mais que provado - na “política financeira” do “governo” do senhor Pinto de Sousa e da sua ruinosa (para o País) organização partidária.
O actual governo começou a tratar do assunto. Teve a coragem suficiente para fazer cair dois dos seus membros por os considerar envolvidos, enquanto profissionais, na subscrição de contratos inconvenientes. Teve a coragem e a competência necessárias para enfrentar as poderosas entidades com quem outrem tinha negociado. Conseguiu, e continua a conseguir, minorar os espantosos resultados das asneiras do seu antecessor. Está em litígio com quem não quer aceitar as renegociações propostas. Com custos inferiores aos que a continuação do cumprimento dos compromissos assumidos pelo “governo” do senhor Pinto de Sousa, conseguiu pôr fim a uma série deles. Etc.
Qual é a atitude do PS? Fazer tábua rasa de tudo isto e construir uma abominável maquinação, evidentemente destinada a vendar a opinião pública com uma núvem de trampa, sempre contando, como é de timbre, com a prestimosa colaboração dos profissionais da “informação”, muito mais interessados em polémicas conspiratórias que nos problemas reais que nos afligem.
É certo que o secretário de Estado cuja cabeça a tramóia conseguiu cortar não tinha propriamente jeito para enfrentar os ditos profissionais. Meteu os pés pelas mãos em vez de assumir claramente a verdade dos factos. Factos que nada tinham de ilegal ou criminoso. Propôs a venda do que tinha para vender, e pronto. Só não terá vendido porque estávamos em 2005 e o senhor Pinto de Sousa ainda não tinha descoberto o filão das desorçamentações.
Como não podia deixar de ser, acabou por se ir embora. Na sua carta de demissão põe o dedo na ferida com toda a clareza.
Não foi a tempo. A teia estava montada.
O pidismo ganhou. O País perdeu.
7.8.13
António Borges de Carvalho