IVÓMETRO
Sei que esta vai irritar muita gente. Mas o IRRITADO não se irrita com as irritações de terceiros.
Aí vai.
Aqui há dias, os anos de uma amiga foram comemorados com um magnífico almoço. Como o IRRITADO não é perito em almoços e anda um bocado fora do “mundo” gastronómico, viu uma coisa pela primeira vez. A lista dos manjares tinha quatro colunas. A primeira elucidava os comedores sobre as iguarias disponíveis, a segunda ferrava o preço, a terceira informava sobre o IVA, a quarta somava as duas anteriores, dando o total a pagar. Pumba!
É evidente que os terríveis 23% de IVA nestas coisas são de um exagero a toda a prova. Mas não o é menos que os preços não subiram proporcionalmente. A bica continua entre os sessenta e os setenta cêntimos, o pão, se aumenta é por causa da farinha, os hotéis estão mais baratos, etc. e tal. Ou seja, bem vistas as coisas, o respeitável público, neste particular, não tem sofrido por aí além.
Diz-se, aos gritos, que as pequenas empresas, leia-se tascas e afins, vão à falência. Mas, no país da Europa onde há mais estabelecimentos do ramo, a maior parte deles da treta, não será bom que haja uma “selecção natural”? E não será o problema mais dos milhares de estaminés que sempre fugiram ao IVA e deixaram de poder fugir? Não será dos milhares de outros que não pagavam renda nenhuma e passaram a ter que pagar alguma coisinha? Parece que, no fundo, o que está a acontecer é uma chegada a condições mínimas de verdade, um mar onde muitos se afogam porque andavam a garrados a boias que furaram?
Nestas coisas é sempre difícil separar o trigo do joio, o que é justo do que é injusto, o que é mesmo um problema do que é simples gritaria. Mas lá que parece haver, ao fundo deste túnel, algo de mais real e mais estável que as ilusões e as aldrabices, disso poucas dúvidas haverá.
19.8.13
António Borges de Carvalho