SUGESTÃO MONUMENTAL
A Exmª directora de uma coisa qualquer lá do Norte obteve, finalmente, a notoriedade que, com certeza, há muito ambicionava. O Diário de Notícias encarregou-se da a pôr na primeira página, com manchete e fotografia, dando-lhe, outrossim, largo espaço nas interiores. A nobre senhora, rezam as crónicas, milita há largos anos no PS, onde até parece que é membro de uma comissão qualquer. No entanto, coitada, para além da notoriedade caseira, não passava de obscura burocrata, com o labéu, propalado por invejosos, más-línguas e machistas, de ter chegado ao cargo actual mais por uma questão de jobs for the girls do que por ser… educadora de infância.
A distinta funcionária deixa-nos, preto no branco, alguns tesourinhos deprimentes, como se diz agora. Coitada, é perseguida por ser mulher, ela, que só moveu setecentos e tal processos disciplinares, ela, coitada, que tem um esquema montado para que os queixinhas lá do sítio delatem sobre os desmandos dos seus horrorosos funcionários, ela que é odiada pelos PSD’s e pelo padre não-sei-quantos lá do Minho. Pobre senhora!
Ela não mandou o padre para a sacristia, ele é que é um aldrabão. Ela, que esteve reunida com o homem, não sabe o que lhe disse. Sabe que não disse o que o homem diz que disse. E sabe o que o Charrua disse, porque lho disseram por SMS, e acredita no SMS e não no Charrua.
Ou seja, uns dizem que é branco, outros que é preto. Só que uns têm poder sobre os outros e, como é habitual na nossa terra, ter poder é meio caminho andado para ter razão. É o que se passa com os polícias. A nossa palavra, perante a dos polícias, habitualmente não vale um caracol, não é?
Como o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) está numa de comandar todos os polícias, é de esperar que a senhora, numa próxima oportunidade, seja promovida - por mérito próprio, como é óbvio - a directora do SIS, ou coisa que o valha.
Uma sugestão aos que mandam:
No fim do Campo Grande, no sítio onde estava a estátua do Carmona, talvez se pudesse erguer um obelisco simbólico destinado a perpetuar a nobreza de carácter dos bufos, dos delatores e dos queixinhas, novos heróis da democracia socialista. Num painel de mármore branco, a letras douradas, dar-se-ia conta dos processos levantados à canalha e das suas consequências. A concelhia de Lisboa do PS ficaria encarregada da actualização permanente da coisa. Para a oração de sapiência na cerimónia de inauguração, convidava-se o Zé e, para abrilhantar, requerer-se-ia a augusta presença da senhora directora e, é claro, do seu chefe.
António Borges de Carvalho