DA INTELIGÊNCIA CAUTELAR
Na heróica esteira do chefe e da organização a que pertence, o grande, o inigualável gestor que dá pelo nome de Pires de Lima veio, do alto da sua enorme importância – quem não tem saudades do Álvaro? – declarar que, a partir de Janeiro, o governo da coligação “unida e coesa”, se dedicará ao estudo do chamado programa cautelar.
Quem lhe terá encomendado o sermão? O chefe, sempre pronto a “tomar a dianteira”? Ou terá sido só um golpe de génio do declarante? Ninguém o saberá.
Mas sabe-se que passou a não se falar de outra coisa. O notável oco aproveitou para mandar as suas exigentes bocas. Quero saber tudo! Tudo! Têm que me dar as devidas satisfações, pedir as devidas autorizações, esclarecer em que estão a pensar! Eu sou o oco, com o oco não se brinca, o oco é s(S)eguro!
Sabe-se também que não há nada a esclarecer, nem a autorizar, nem a satisfazer. Aliás, o Lima teve o cuidado, a fim de adoçar o trombone, de dizer que iam pensar no assunto lá para Janeiro. Se se trata de uma coisa para daqui a três meses, é evidente que, para já, não existe. A missão do oco é chatear, não é perceber, o que explicará a invectiva.
De resto, é de pensar que a inteligência do Lima o terá levado a achar que estava a dar uma boa notícia: se houver programa cautelar é porque acaba a troica! Tais e tão subidas meninges não terão chegado para perceber que tudo o que o governo faz ou pensa fazer é, por natureza e diligência do oco, má notícia.
Lima poderia ter deixado o anúncio para quem de direito e para a altura própria. Não deixou, porque a colossal importância do CDS tem que ser afirmada custe o que custar e custe a quem custar.
Toda a gente sabe que, se tivermos sorte, vamos ter um programa cautelar, seja lá isso o que for. Quando chegar a altura, já não houve cão nem gato que não se tenha doutamente pronunciado sobre o assunto, estando a artilharia a postos para dar cabo dele à nascença.
À nascença? Pelos vistos antes dela, por obra e graça das limais inteligência.
23.10.13
António Borges de Carvalho