NAS MALHAS DA DESCENTRALIZAÇÃO
A chamada descentralização é coisa que entra facilmente no bestunto das pessoas. “Proximidade”, “simplicidade”, “transparência”, etc., são coisas a que ninguém se poderá opor.
É neste “registo” que se insere o discurso de Estado lido pelo camarada Costa no seu acto de tomada de posse, na generalidade frequentado pelo mesmo escol que foi ver o Pinto de Sousa propagandear as suas filosofias de taberneiro.
Mais do que expor a teoria geral da descentralização, Costa explica como quer lá chegar. Propõe que, sob a sua égide e liderança,se crie uma espécie de senado do poder local, para quem serão transferidas inúmeras competetências, subentendendo-se que também chorudas verbas.
Se fosse outrem a avançar com tais ideias, talvez a coisa pudesse merecer alguma consideração. Mas, avançada pelo chefe de uma das mais tenebrosas burocracias do país, se não a mais tenebrosa, cheira a esturro que tresanda. Proximidade? Alguém sente a proximidade da CML? Alguém sente, em Lisboa, a proximidade das Juntas de Freguesia? Simplicidade? Alguém acha que o proponente simplificou fosse o que fosse? Transparência? Só se for a dos vidros do Campo Grande.
O homem “surfa” numa certa onda que conseguiu levantar e, enquanto ela não se esparrama na areia da realidade, trata de “pôr condições”. Quer ele coisas afinal tão modestas como, para já e por exemplo, passar a ser o líder incontestado das empresas de transportes da área metropolitana de Lisboa. Calculem o que seria a Carris, o Metro, a Soflusa, a linha de Sintra, a linha de Cascais e tutti quanti nas mãos desde “gestor de topo”. Imaginem o monumental estoiro que, de uma assentada, dariam todos os nossos tão importantes transportes. Imaginem o “emprego” que o Costa criaria, os lugares dourados que surgiriam por todos os lados, a alegria dos boys, a desgraça das gentes.
Bem vistas as coisas, talvez não fosse mau. O Costa acabaria afogado na sua querida onda, e nós livres dele. O pior é que, até lá...
25.10.13
António Borges de Carvalho