CABECINHA PENSADORA
A Inenarrável, extraordinária, fantástica, importantíssima, viajadíssima e mundialmente conhecida e apreciada senhora dona Ana Gomes resolveu, mais uma vez, debruçar a sua gentil atenção sobre o tenebroso caso dos submarinos.
Ainda bem. Benquista criatura, a quem tanto devemos, nós e o mundo. Desta vez, as dúvidas de tão genial membro da espécie humana são novas. Não se trata de perseguir obscuros interesses, ultra-corruptos generais, almirantes, sargentos, engenheiros, políticos e contínuos implicados em evidentes crimes e infames conspirações. Nem sequer, ao que parece, se trata da continuação da perseguição ao senhor Portas, por ela já nomeado responsável máximo, tanto das malfeitorias que se vierem a provar como de muitas outras que ocupam o esclarecido bestunto da irredutível e genial investigadora.
Desta feita, a santinha vai mais longe: manda a Comissão Europeia investigar se, sendo os estaleiros privatizados, os seiscentos milhões de euros de contrapartidas previstos, diz ela, no contrato dos submarinos “poderão agora beneficiar uma empresa privada”.
Até hoje, julgava-se que as contrapartidas eram para ser usadas em projectos industriais, comerciais ou turísticos de empresas que a tal se candidatassem e fossem, elas e os projectos, dignos de entrar no programa. Até podiam ser empresas estrangeiras, desde que o investimento fosse em Portugal. Para a personagem em apreço, no entanto, não é assim. Se houver os tais seiscentos milhões (ela lá saberá...) e se se destinarem à construção naval, só se tal coisa for pública. Por conseguinte – admiremos a inteligência da senhora – se a empresa for privatizada, que se lixem as encomendas, os seiscentos milhões, a empresa, os trabalhadores, etc..
É de pensar que, nas doces meninges de tão ilustre cabeçorra, continua de betão a economia planificada que o camarada Mao preconizava. Ou seja, fiel à sua origen ideológica, a indivídua não passou dos anos setenta. O pior é que, se por dentro está na mesma, por fora envelhece a olhos vistos.
6.12.13
António Borges de Carvalho