GUERRAS DOS BASTIDORES DO BOLCHEVISMO
O ex(?)bolchevista Lino vai apresentar um livro de um seu ilustre camarada. Ao que parece, a obra vem pôr a nu certas guerrilhas internas do PC, dissidências, desacordos teóricos, teses contraditórias, processos de intenção, vigilâncias revolucionárias, controleirocracia, faltas de coerência marxista-leninista, enfim, as habituais zangas escondidas daquela gente, coisas do agrado da nacional bisbilhotice, pelo menos da que se interessa por intrigas e mistérios tipo Dan Brown ou Rodrigues dos Santos. Não se trata de dar explicações pessoais sobre guerras conhecidas do grande público. Trata-se de levantar uma ponta do véu que cobre os obscuros bastidores do bolchevismo, habitualmente bem escondidas nos pesados meandros do centralismo “democrático”.
Coisas de gente que se rege por cartilhas que não são as das pessoas normais, coisas de outro mundo, de uma galáxia onde a dimensão é outra que não a dessa humanidade comezinha e velha, perdida na floresta do capitalismo e da democracia liberal. Coisas de quem não gosta do homem como ele é e aposta em “criar”, qual novo Deus, um novo animal, mentecapto e obediente, que contempla as vanguardas e amocha ao sistema.
O “socialismo”, apesar de ter tido poder, todo o poder, sobre centenas de milhões de infelizes, é dito, pelos seus próceres e revisores, como nunca tendo existido. Isto é, como a aplicação do socialismo nunca se fez a não ser à custa da Liberdade e das liberdades, nunca teve poder que não fosse à custa de sangue e de tirania, aquela gente acha que “ainda não se realizou”. Pois não. O Homem continua a ser o que é, vai mudando porque é livre, nunca por ser escravo.
Os Linos e companhia, tão ou mais perigosos que os ortodoxos, vão insistindo na circunstancialidade dos “erros”, com o objectivo de continuar a disfarçar a substancialidade do monstro.
António Borges de Carvalho