FRASES
Em brilhante sessão, várias altas figuras do nacional-jornalismo e da nacional-politiquice encontraram-se para, dizem, discutir o “jornalismo”. Tudo em solene comemoração dos 40 anos do “Expresso”.
A coisa veio prolixamente referida em várias páginas referido semanário. Coisa que não haverá muito quem tenha a pachorra de ler, IRRITADO incluído.
Mas os leads são esclarecedores.
Diz o invejoso Pacheco que “os jornalistas interiorizaram o discurso e a linguagem do poder, sem uma reflexão e distanciamentro críticos”. Notável. Qual poder? O actual não, com certeza. Conta-se pelos dedos tal “interiorização”. Se os jornalistas interiorizaram algum discurso foi o da oposição, como é mais que evidente.
O “candidato avant la lettre” Rui Rio diz-nos que “o jornalismo é um dos responsáveis pela degradação do regime democrático”. Carradas de razão.
O ex-chefe de ERC (coisa execrável!) Azeredo Lopes informa-nos: “em Portugal não há uma prática de sanção dos jornalistas”. Se acha que devia haver, porque não fez nada quando andava a ganhar o dele na tal ERC?
O storyteller Tavares afirma que “O discurso de Pacheco Pereira é exactamente o contrário do que dizia há vinte anos”. Certo, mas não novo. Toda a gente sabe que a maior inspiração intelectual do Pacheco é a dor de cotovelo, o que o leva, e levará, a dizer o que for preciso para a aliviar.
O inteligente Henrique Monteiro opina: “Abomino o jornalismo como quarto poder. O jornalismo deve ser um contrapoder”. É evidente que ninguém elegeu os jornalistas para que tenham poder. Mas, como os juízes, têm-no. O problema é como o usam. Deve ser por isso que Monteiro esclarece logo a seguir: devem ser um contrapoder. O que, a contrario sensu, quer dizer o mesmo. Para além da asneira conceptual, não se sabe onde ficamos.
Ernfim, não é mau dar uma olhada ao que diz tão distinto escol.
9.12.13
António Borges de Carvalho