AVALIAÇÕES
Chegou o tão esperado dia do exame dos professores. Vão repetir-se as cenas habituais. Crato vai ser insultado, esmagado, desprezado, caricaturado pelos tipos do costume, como sempre apoiados pelos media. Sabemos como vão ser os telejornais, as manchetes, as entrevistas, os artigos de opinião.
Talvez o Crato tenha razão. Talvez não tenha. O importante, para os protestantes, não é isso. Protestam hoje como protestavam ontem. São contra o Crato como eram contra a Maria de Lurdes, como eram e serão contra seja quem for. As chamadas avaliações, que os sindicatos, “em princípio”, aceitam, serão sempre más, ilegítimas, ditatoriais, etc., provocarão sempre as mesmas reacções. Tanto faz que sejam amarelas, azuis ou cor de burro quando foge. Os sindicatos não querem avaliação nenhuma, como não querem nada que mude seja o que for. Ou, por absurdo que pareça, querem. Tudo o que seja mexer com o que existe é um bom pretexto para vir para a rua aos gritos. É esse o objectivo. É esse o critério. Nada que tenha a ver com educação. Pura política, ó Crato, movimentação de massas, vanguardismo, rua!
Ao Crato, apetece dizer: eh pá, não faças nada, tudo o que fizeres levantará sempre o mesmo coro, os mesmos maestros, as mesmas parangonas, as mesmas “indignações”. Mas, se nada fizeres, serás perseguido por não ter feito. Ou então, faz. Mas leva a coisa, boa ou má, até ao fim, porque se lhes deres a mão eles comem-te os dois pés. Eles não fazem parte do teu mundo, cheio da tua lógica, onde se fala a tua língua. A lógica deles é outra, a língua deles é outra. O diálogo é impossível quando se fala línguas diferentes. Não vale a pena, nem o esforço, nem a boa vontade, coisas que, na língua deles, querem dizer guerra, reclamação, oportunidade. Deixa-te de “diálogos”, de cedências, de compreensões. Mesmo que faças o que eles querem, dirão sempre que o não fizeste, ou que o fizeste mal. Baterás sempre na rocha que eles te porão à frente.
Boa sorte.
18.12.13
António Borges de Carvalho