Férias
O blog tem estado parado. O verão tem sido óptimo, a paciência pouca. Para ocupar o bestunto, com o calor que esteve, pus-me a ler. Dos livrinhos que fui consumindo, uns bons outros péssimos, há um que recomendo: !"Shalimar o Palhaço" de Salman Rushdie.
Antes de mais, uma palavrinha para a tradutora: parabens! Não sei quem a senhora é, mas, para um desgraçado como eu que se irrita com as traduções que por aí andam, as mais das vezes feitas por quem nem português sabe, nem a língua que traduz, nem o sentido do que está a traduzir, esta tradução é um raríssimo achado. Pena que a senhora pratique um certo tipo de erros (infinitos no plural e coisas no género) mas, de um modo geral, a tradução é magnífica.
O livro é uma saga indo-paquistaneso-ocidental escrito por quem domina as mais apuradas técnicas do discurso romanesco. Mas, para além da qualidade literária e da história, ou das múltiplas histórias que conta, o autor escalpeliza as verdadeiras raízes e a natureza autêntica do fundamentalismo islâmico. Num mundo que parece querer recusar-se a compreender quem é o inimigo, e porque actua como actua, a leitura de Shalimar o Palhaço é qualquer coisa de extremamente importante.
A não perder. Ajuda imenso a tirar a cabeça da areia.
António Borges de Carvalho