DA ESCASSEZ DAS ELITES
A dona Paula Teixeira da Costa, ou Pinto, ou Cruz, ou lá o que é, veio, solenemente, declarar que a eleição do senhor Meneses faria com que as elites se afastassem do PSD. Não se sabe ao certo o que dona Paula entende por elites. A si própria, com certeza, como tal se acha. Ela, a personificação elitogénica por excelência, demonstrou à saciedade, enquanto presidente da assembleia municipal de Lisboa, o que entende por comportamento elítico(?): pôr as suas opiniões acima de todas as outras, dar cabo dos seus por pesporrência intelectualóide e abuso de poder. Para além dela, a que elites se referiria? Às que rodeiam o senhor Mendes? Ao simpático quão opinioso cacilheiro? Ao senhor Macedo, tão nice quanto isento de interesse? A quem? Quais elites?
As últimas figuras do PSD, ou próximas, que se podem considerar de elite, colaboraram com Santana Lopes (Álvaro Barreto, António Monteiro, António Mexia, Bagão Félix…), e foram consumidas, vilipendiadas, esmagadas, postas de lado, queimadas nas fogueiras que essoutras “elites” de cariz mendista atearam, a começar no próprio Mendes e a acabar na dona Paula.
Com que é que dona Paula acha que o senhor Menezes vai acabar? Que elites, meus senhores? Que resta das elites do PSD?
É evidente que o senhor Meneses não trará, ou traria, consigo coisa alguma a que se pudesse chamar elite. Até aqui estou de acordo com a nobre senhora. Mas também não viria afastar do PSD elites de espécie nenhuma, uma vez que não há disso no PSD do senhor Mendes, nem se imagina que possa vir a haver, ao perto ou ao longe.
O que se passa no PSD (a alternativa Mendes/Meneses) é um drama de consequências colossais para o Partido, mas também para o país. Para todos nós. Até para os adversários políticos do PSD, assistir a este combate de pigmeus é uma inenarrável tristeza. Sem o PSD, o sistema fica coxo, ou entregue aos demagogos de esquerda que nos (des)governam e que verão o seu mandato mexicanizar-se mesmo que o não queiram.
O Irritado teme que as suas profecias estejam certas. Com que gosto daria o dito por não dito!
Verdade, porém, é que sinal algum lhe é dado ver que lhe permita pensar que está errado.
António Borges de Carvalho