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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

AZEITONAS E PIOLHOSOS

 
Acabo de comer uma azeitona de Elvas. Magnífica. Verdinha. Carnuda. Mmm… Fecho os olhos para melhor sentir os derradeiros eflúvios do belo fruto. Quantos cruzamentos, quantas enxertias, quantas manipulações terá sido preciso, ao longo dos séculos, para obter uma carnugem destas. Mmm…
Cruzamentos, enxertias, manipulações. É isso! Manipulações genéticas! Sem elas, esta azeitona mais não seria que um raquítico e incomestível produto de um zambujeiro qualquer, simpática árvore com que a natureza nos brindou, boa para sombra, para evitar a erosão dos solos, para lenha, e mais nada.
Há muitos milhares de anos, o homem aprendeu a modificar a natureza, o que foi, e é, a base, a fonte, a causa e a razão de todo o progresso e de toda a civilização.
Não há um só produto natural que nos chegue à mesa sem ser manipulado. Sem manipulações não havia vinho, nem fruta, nem pão. Talvez umas amoras… e pouco mais. Os porcos, se existissem, teriam menos carne, as vacas dariam menos leite, e assim por diante.
 
Nos fins do século XX, uma nova ciência, a biotecnologia, inventou novos processos de manipulação, sobretudo com o objectivo de tornar certas espécies imunes a pragas, tornando assim desnecessário o uso de pesticidas e outros produtos perigosos.
Um país, os Estados Unidos da América, de há longos anos no topo da Civilização e da Ciência, introduziu na agricultura os novos processos, tendo com isso multiplicado a produtividade dos campos, melhorado o conteúdo alimentar dos produtos, diminuído drasticamente o consumo de químicos, aumentado a oferta e baixando o preço dos produtos ao consumidor.
Algumas legítimas dúvidas se colocaram sobre a qualidade higiénica das novas produções. Os laboratórios estudaram e re-estudaram o assunto, tendo concluído pela sua inocuidade. Passadas umas décadas, diz a experiência mais que os estudos: nada, mas nada, rigorosamente nada de grave se passou com origem nos produtos ditos transgénicos.
 
Negando a ciência e a evidência, os europeus continuaram a duvidar, com a França a capitanear a “resistência”. Sem mexer uma palha (um agricultor francês trabalha em média 27 dias por ano...), bem sentada em cima da Política Agrícola Comum (de cujos astronómicos fundos “mama” mais de metade), a França tinha que resistir. Por outro lado, grupos de demagogos, soi disant ecologistas, desataram a berrar como loucos contra os transgénicos, arma de dominação americana, ruína do terceiro mundo, atentado à saúde pública (!???), e por aí fora. Um tal Bové, campeão da “justiça” popular e da desordem, à frente de mesnadas de tontos e de vândalos, atacou agricultores, destruiu culturas, causou prejuízos de milhões. Foi preso, é certo, mas continua líder da sua canalha, candidata-se calmamente à presidência da república, numa palavra, continua a exercer sem escolhos a sua influência e a sua violência. Talvez porque, no fundo, a sua existência convenha ao status quo da política agrícola francesa.
 
É claro que, sendo os transgénicos mais baratos, os Estados Unidos da América passaram a estar em condições concorrenciais privilegiadas. E como a Europa, com a França à frente, tem medo da concorrência americana, em vez de entender que tem que produzir mais a custos menores, continua a subsidiar a situação, repoltreando-se na PAC, à custa de quem paga impostos e em nome sabe Deus de quê.
 
Estas coisas, como todas as outras, levam algum tempo a chegar a Portugal. Um grupo de piolhosos (sim, piolhosos, como a TV bem mostrou a quem quis ver) resolveu destruir uma belíssima cultura de milho transgénico, inda por cima devidamente autorizada por quem de direito.
Trata-se de fulanos que dizem salvar a humanidade vindo de Barcelona de bicicleta, que querem que as casas voltem a ser feitas de terra, que acham que cagar no campo é mais saudável que na sanita e, com certeza, que não lavam os dentes porque os dentífricos são um produto industrial. Tais fulanos, agrupados em associações que, desde o consulado do milionário Pimenta, são subsidiadas, apoiadas e propagandeadas pelo Estado (isto é, pelo nosso dinheiro), constituem-se em “contra-poder” – vivendo à custa do poder – e atribuem-se direitos que aos demais não assistem, designadamente o de destruir bens de terceiros.
 
Haverá sempre gente que, do galarim, vem defender estas atitudes. É o caso do Portas – o comunista, não o outro. Les bons ésprits se rencontrent.
O problema não é esse. O problema é que os moderados, os incautos, os que lêem os jornais, mais os que fazem os jornais, os tipos do politicamente correcto, esses, por ignorância ou oportunismo, vão fazendo vista grossa ou até dando algum benefício da dúvida aos piolhosos e quejandos.  
 
Por mim, sempre que como uma azeitona de Elvas, vou pensando que é bom ter esperança na Humanidade, por muito que haja quem a queira reduzir à piolheira.
 
António Borges de Carvalho

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