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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

FUTUROLOGIA

 

Lisboa, 28 de Setembro de 2015

 

Do jornal “Política às Pazadas” expurgamos seguinte artigo:

 

No seguimento dos resultados eleitorais, e nos termos da Constituição da República, o PR deu ontem início às consultas para a formação do novo governo. Recebeu o PC, o CDS-PP e o PSD. O BE, como se sabe, não obteve representação parlamentar.

Esta manhã foi recebido o PS que, como se sabe, venceu eleições com 28,9% dos votos dos portugueses. Integravam a delegação o secretário geral António Costa, o presidente do partido Carlos César, o representante da tendência geronto-socrítica Mário Soares e a presidente do grupo parlamentar, Ana Catarina Mendes.

 

A nossa jornalista Gertrudes Palimpsesta conseguiu esconder-se atrás dos cortinados do gabinete de Sua Excelência e dá-nos conta das partes mais importantes do diálogo travado, em que o PR, mais uma vez, fez uso da sua habitual postura institucional.

Após os cumprimentos formais, o Presidente felicitou o partido pela vitória obtida, o que os presentes muito agradeceram. Quanto ao assunto em agenda, o senhor César disse que, tendo em atenção os resultados eleitorais, o PS vinha solicitar de Sua Excelência a indigitação do Dr. Costa para Primeiro-Ministro, no seguimento também da sua eleição como candidato ao lugar, feita por militantes e simpatizantes.

O PR respondeu que as suas decisões tinham a ver com a Constituição, não com eleições internas dos partidos, e que a indigitação do Primeiro-Ministro era da sua competência, não de quaisquer militantes ou simpatizantes, isto é, que, desde que tendo em consideração os resultados das legislativas, era preciso que, ele sim, simpatizasse com a personalidade a indigitar, no sentido de achar que era a melhor escolha para o cargo.

Os elementos da delegação ouviram estas palavras com a boca aberta de espanto. O senhor César embatucou, eventualmente por falta de conhecimentos jurídicos para contradizer o PR. O Dr. Soares mexeu-se pesadamente no cadeirão, notando-se bagas de suor a surgir-lhe na testa e uma ligeira baba a dealbar nos cantos da boca.

António Costa veio em socorro dos presentes, dizendo que o PR teria, de um ponto de vista formal, toda a razão, mas que a decisão era política e que era tradicional o PR aceitar indigitar o chefe do partido mais votado.

O Presidente respondeu mais ou menos por estas palavras: meus senhores, gostaria de sublinhar que, nem a Constituição, nem a Lei eleitoral, nem lei nenhuma consagra candidaturas a primeiro-ministro, nem, no que lhes diz respeito, o fazem os estatutos do vosso partido, que tive o cuidado de mandar analisar. Tratando-se, como se trata, de uma alteração estatutária, estas eleições, ditas “primárias”, não podiam deixar de ser objecto de uma decisão do Congresso, segundo tais estatutos. Por conseguinte, foram eleições inconstitucionais, ilegais e sem, sequer, cobertura estatutária. Inválidas, portanto. Não peçam ao Presidente da República que cooneste processos desta natureza, indigitando um candidato partidário a um cargo para o qual não há nem pode haver candidatos e, se houvesse, seria, como tal, eleito pelo povo, não por um qualquer grupo de militantes ou aderentes.

Soares regougou: Você não passa de um gajo da direita, um incompetente, um canalha, um adepto do capitalismo de casino… Incapaz de se conter, levantou-se com esforço e declarou que o Presidente devia ser demitido, torturado, encarcerado, morto. Sentou-se então, a arfar, num estertor da mais profunda raiva.

O Presidente, discretamente, premiu um botão. Apareceu o adido militar. Julgo ter ouvido o segredinho que o PR lhe disse: tenha a postos a GNR e uma ambulância do INEM com assistência psiquiátrica.

Costa, sempre contido, declarou em voz melíflua que, mais uma vez, o PR tinha toda a razão mas que, atendendo aos resultados eleitorais, é da praxe constitucional que seja indigitado o líder do partido vencedor.

Pois é, mas deixe-me fazer duas observações: primeiro, praxes são praxes, não obrigam a coisa nenhuma; segundo, se eu o indigitasse, pareceria que as instituições estavam ao serviço de eleitorados inventados, ou criados ad-hoc, o que, como deve calcular, não é desejável em termos de dignidade republicana… E acrescentou:ão gostei, de um ponto de vista moral, da maneira como o senhor se apresentou contra o legítimo líder do seu partido, o que representa um estofo pessoal que não é do meu agrado.

Rematando: dado o teor deste contacto, que muito agradeço, peço-lhes que vão pensar e que, dentro de 48 horas, voltem à minha presença com a solução que tiverem por bem.

 

O comunicado oficial diz apenas que, após troca de impressões, foi agendada nova reunião para daqui a dois dias.

 

O nosso jornal, tendo “assistido” a tudo, e dando a notícia em primeira mão, procurou informar-se. A primeira personalidade que ouvimos foi o proclamado “pai” da Constituição, Doutor Miranda, o qual começou por se recusar ao diálogo. Instado, acabou por, à contre coeur, aceder ao pedido. É notório, disse, que o PR se serviu dos formalismos legais e constitucionais para exprimir o seu desagrado pela indigitação de Costa, mas a verdade é que tem razão. Eventualmente, cederá à pressão do PS e da opinião pública, o que não “legaliza” a eleição do chamado candidato a PM. Trata-se de uma situação de facto, e não de jure. Às vezes, manda o bom senso que se atenda aos factos…

E mais não disse, nem lhe foi perguntado. Percebemos a mensagem… a ver vamos o que se passa depois de amanhã.

 

Gertrudes Palimpsesta, assessorada pelo chefe de Redacção.

 

 Secção de inteligence do IRRITADO

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