COM ÓDIOS E MENTIRAS
O storyteller Tavares tem algumas saídas interessantes, reconheça-se. Mas também tem ódios de estimação. Calcule-se a monumental aldrabice que é pôr os louros do Túnel do Marquês na cabeça do bufo, tirando-os da de Santana Lopes. É preciso ter uma mente totalmente retorcida para se chegar a este cúmulo.
Sá Fernandes, diz o homem, cumpriu o seu dever como vereador pondo um processo contra a Câmara, processo que, em boa hora, fez parar as obras, para bem de todos nós. Deve-se-lhe, pois, a obra (o túnel!!!) que o storyteller não consegue deixar de admirar. Ao bufo, não a Santana Lopes.
É difícil comer disto. É difícil conseguir conceber que um homem, ao que dizem inteligente, seja capaz de levar tão longe um ódio tão mesquinho e ordinário.
Antes de mais, Tavares mente. Mente descarada e propositadamente. O Fernandes não era vereador quando pôs o dito processo. Tinha, na assembleia municipal, representação do seu partido. Mas preferiu, com evidente intuito político, promover, não uma moção em sede própria, não um processo comum, mas uma acção popular. A fim de, como é óbvio, colher dela benefícios políticos, pondo-se cobardemente a salvo de prováveis indemnizações aos lesados pela sua malquerença, ou seja, à Câmara, ou seja, a todos nós.
O storyteller Tavares diz que os que condenam a cobarde atitude fazem uma nunca vista campanha de “desinformação e manipulação”.
Se dizer verdades que não agradam ao Tavares é desinformação e manipulação, então o Irritado é, orgulhosa e honradamente, um desinformador e um manipulador.
O homem atinge os píncaros da loucura e do fanatismo quando afirma que quem parou as obras do túnel não foi o Fernandes, coitadinho, não senhor, foi o Tribunal! O Tribunal é o culpado dos aborrecimentos causados e dos dinheiros deitados à rua. Mais. Diz que as alterações ao projecto foram determinadas pelo Tribunal. Aqui, os louros já não vão para o Tribunal, vão para o Fernandes. A cegueira provoca dislates e mentirolas desta ordem. O tribunal, diz o Tavares, mandou rever o projecto. Ora, nem os tribunais têm competência técnica para impor alterações, nem as alterações operadas em certos detalhes do projecto inicial (há algum projecto que não sofra alterações durante a sua execução?) tiveram outra origem que não a da vontade de Santana Lopes.
O Fernandes, esse, jamais pagará o que nos deve, jamais compensará os comerciantes, os residentes, os automobilistas, os lisboetas, pelos prejuízos que a todos causou. Que ele próprio venha dizer coisas e loisas em sua defesa, pode compreender-se. Mas que haja fulanos que, como o Tavares, mais de dois anos depois de as suas campanhas terem dado os almejados resultados (a destruição de um governo e de uma maioria parlamentar e a posterior defenestração da CML) ainda andem preocupados em roubar a Santana Lopes os louros que, a cem por cento, lhe pertencem, é coisa só possível na desgraçada piolheira em que vivemos.
António Borges de Carvalho