Limpezas
Na mesma edição, o mesmo inefável "Público" dedica chamada de primeira página à festa do seu colega "Avante!", à qual dedica nada menos de três páginas inteirinhas - a 2, a 3 e a 4! - recheadas de parangonas laudatórias, de elogios rasgados, dando ao público (ao respeitável, não a si próprio) a clara noção de que se trata de um evento da mais alta valia democrática e cultural, de uma festa da liberdade, enfim, só faltando oferecer bilhetes às pessoas para que não deixem de se deslocar a tão fantástica quão imperdível manifestação.
É sabido que o director do "Público" passa a vida, coitado, a ser acusado dos mais horríveis crimes por ilustres democratas - jornalistas cheios de independência, democratas da mais fina gema, tipo Ruben de Carvalho. Não precisava, porém, de ir tão longe, se é que a intenção é a de se lavar de tais acusações (outra se não vislumbra que justifique a coisa), aceitando-as por boas, como é bom de ver. Três páginas - três, as mais importantes do jornal, mais a chamada de primeira página, de louvaminhas e vassalagens, sob a máscara, como é óbvio, de um estilo jornalístico-informativo digno da melhor escola salazarista.
António Borges de Carvalhp