SOARADAS
O dr. Mário Soares, honra lhe seja, consegue manter-se na ribalta. É um caso raro de longevidade política. Chapeau. O problema é que, para se tornar notado, vai dizendo coisas.
Agora, vem dizer que o governo devia governar mais à esquerda, dadas as diferenças de status económico entre os portugueses. É evidente que o dr. Mário Soares, com a sua longa experiência da vida, sabe que jamais os governos de esquerda quiseram, ou conseguiram, distribuir com justiça, por inultrapassáveis complexos políticos e por incapacidade de criar condições para que haja algo a distribuir. O que a esquerda sempre fez (e é o que se passa em Portugal), foi criar “nomenklaturas”, mais ou menos disfarçadas, e governar a partir delas e de brutalidades fiscais.
É evidente que o governo que temos é de esquerda, pela simples e evidente razão de ter o colectivo, e não a cidadania, como princípio de base. É a partir de tal princípio que se gera o ambiente opressivo em que vivemos, o marasmo económico em que não deixamos de estar mergulhados, a mentalidade que reduz a política à contabilidade pública. O dr. Soares sabe disto (não pode deixar de o saber) mas, como acha que o que o mantém na ribalta é dizer o contrário, vai-se a isso sem hesitações.
O mesmo se poderá dizer da extremosa amizade que o liga ao senhor Chávez, amizade que, mais cedo ou mais tarde, vamos pagar com língua de palmo. Que importa, se é o que está a dar?
Há já quem esteja a afiar o dente para o que o Presidente Soares, de sociedade com a pluma caprichosa/eixo do mal, vai dar ao povo: bocas de quarenta e cinco minutos por semana durante um ror de meses. A ver vamos o que vai estar a dar.
António Borges de Carvalho