COSTICES
Com ar fero, qual Adamastor a urrar aos mareantes, o senhor Costa veio ameaçar este mundo e o outro com as mais tenebrosas medidas no caso de o PSD, na Assembleia Municipal, chumbar o modesto empréstimo de 500 milhões de euros que a Câmara se propõe contrair junto da Caixa Geral dos Depósitos.
A principal catástrofe que nos podia acontecer seria, imagine-se, a demissão do senhor Costa. Assim, o homem arrisca-se a não assustar ninguém. Com o que fez em quatro meses, bem se pode ir embora, que não faz cá falta nenhuma. Que vá em paz.
Duro e cru, Costa afirma que o PSD é que criou o buraco, que o PSD é que não quis eleições para a AM, que o PSD isto e aquilo.
Esquece-se o senhor Costa do que o PS fez ao PSD quando tinha maioria na AM. Esquece-se da luta sem tréguas que o PS fez contra o Túnel do Marquês, esquece-se dos orçamentos que foram chumbados pelos votos do PS, esquece-se de que o PS pôs a Câmara a viver de duodécimos, dos milhões de prejuízo que o seu sócio Fernandes causou à cidade, do estado (financeiro e não só) em que o seu camarada Soares a deixou, etc. etc. etc.
Se os deputados do PSD chumbarem o empréstimo não farão mais do que vingar a sua própria honra, tão ofendida pelos camaradas do Costa durante uma data de anos. E, se a “pena”, para castigar tal “crime”, for a demissão do senhor Costa, então que venha o crime, e que venha a pena!
É de prever, no entanto, que os deputados municipais do PSD vão deixar, abstendo-se, passar o tal empréstimo. O contrário não aconteceria, como é evidente. O trabalho de barragem do PS, na Assembleia Municipal, sempre foi cego, odioso e obstrutivo. A abstenção será uma maneira de o PSD mostrar a diferença entre os que querem que a cidade seja governada e os que mais não fazem que ordinarices partidárias, propaganda viciada e desculpabilizações aldrabadas.
António Borges de Carvalho