ANA, A RAIVOSA
Dona Ana Lopes (quem será?) escreve no “Diário de Notícias” uma artigalhada em defesa do senhor Costa, coitadinho, que, por não ter maioria na Assembleia Municipal, vê em risco um empréstimo de 500 milhões de euros que foi aprovado pelo eleitorado, uma vez que estava no programa eleitoral do PS. Refere depois que se chegou a um “ponto absurdo: uma decisão apoiada pelos eleitores corre agora o risco de ser chumbada pela Assembleia Municipal”. E mais diz que “nem António Costa nem ninguém pode gerir o que quer que seja com este bico de obra”. Depois, a senhora deleita-se numa diatribe contra o PSD, argumentando que o Costa deve demitir-se, a fim de que se eleja outra assembleia. Notável.
Esquece a colorida plumitiva: primeiro, que ninguém, do eleitorado, votou um empréstimo de 500 milhões e que tal verba não estava em nenhum programa, sendo que o PSD põe em causa o montante, não o empréstimo; segundo, que, no primeiro mandato do PSD, a Câmara foi sempre minoritária na Assembleia Municipal, sem que, nem a dona Ana nem ninguém se andasse para aí a lamentar, como faz o seu protegido Costa; terceiro, que o PS fez as mais inacreditáveis guerras à Câmara na Assembleia Municipal, designadamente contra o túnel do marquês, esse sim, parte integrante do programa que o eleitorado sufragou; esquece que o PS reprovou o orçamento municipal, impedindo, ele sim, que se “gerisse o que quer que fosse”; e esquece muito mais coisas, que não valerá a pena enumerar.
À primeira birra do Costa, salta a dona Ana em seu socorro.
Onde pode chegar a cegueira partidária, a duplicidade de critérios, a raivinha ordinária, é coisa que esquecer se não pode.
António Borges de Carvalho