Valha-me São Pancrácio!
Andam para aí uns turistas políticos a perorar sobre o “plafonamento” da segurança social do Estado, responsabilizando cada um pelo seu próprio futuro. Por outras palavras, do que se trata é de encarregar o Estado de prover, via descontos obrigatórios durante a vida “útil”, para uma vida “inútil” minimamente digna, deixando a cada um o ónus de aumentar, por esforço próprio e voluntário, os seus proventos em tal período.
Sacrilégio!
Não, meus senhores, os portugueses têm, obrigatoriamente, de comer o que o Estado lhes quiser dar. Se quiserem mais, que se sacrifiquem! Ser responsáveis é que não!
O que os turistas da política propõem seria, a prazo, uma profunda revolução cultural, quer dizer, se cada um tivesse a liberdade, sem aumento de custos ou com eles (uma decisão individual, que horror!), de decidir sobre o seu futuro, em causa ficaria aquilo para que todos nós trabalhamos e que tão caro pagamos: o sacrossanto socialismo. Mutatis mutandis, o mesmo socialismo que o doutor Salazar, com outras roupagens, defendia e praticava.
Como o fim primeiro do Estado, em Portugal, não é o de, garantindo um mínimo, libertar as pessoas para que cada um atinja, nos limites da Lei, o que as suas capacidades e sua vontade conseguirem, ficam os cidadão prisioneiros do espartilho em que o chamado Estado Social os contém.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) foi peremptório: o socialismo, mesmo falido, é para continuar.
Depois, criticam os portugueses por ser subsídio-dependentes, por não ter iniciativa, por esperar do Estado tudo e mais alguma coisa. Valha-me São Pancrácio! Pois se é esta a filosofia do Estado!
António Borges de Carvalho