JUSTIÇA DE CASTELA
Uns dias em Castilla la Mancha libertaram-me das grilhetas do socrismo e deram-me um banho de património e de arte moderna.
Não se pode resistir a fazer comparações e a observar o que, para sim e para não, assalta o portuga por aquelas partes.
O tabagismo e o respeito pelas pessoas
Os tasqueiros e outros patrões têm, à porta das “tiendas”, uma folhinha branca, tipo A4, com os seguintes dizeres : Neste estabelecimento é permitido fumar, ou Neste estabelecimento NÃO é permitido fumar.
Nesta miserável parte do mundo, escreve-se, num coiso vermelho: Não fumadores.
Veja-se as diferenças:
a) A lei espanhola respeita a autoridade dos donos das casas, a lei portuguesa não;
b) A lei espanhola respeita o direito de cada um escolher onde entra e onde não entra, a lei portuguesa, via “exaustores” que ninguém sabe o que são, não respeita nada nem ninguém;
c) A lei espanhola proporciona, em geral e abstracto, que não se fume dentro de casa, de cada casa, a lei portuguesa dirige-se à repressão dos fumadores, de cada fumador, uma lei para uns, outra para outros;
O coiso encarnado é bem a imagem da mentalidade vigente. Lido à letra, quem for fumador está proibido de entrar, não de fumar. É um pária. Malhas que o socrismo tece.
A moral social do socialismo pederasta
A excelentíssima Junta da Andaluzia publicou “una guia” com o fim de impor a paridade nos jogos escolares. Para a moral oficial é assim: se os rapazes jogarem jogos de rapazes uns com os outros, estão a preparar-se, obviamente, para praticar a violência doméstica, ou seja, começa-se por não ter meninas a fazer azeite ou a saltar ao eixo, e acaba-se a deitar a cara metade pela janela fora. A paridade zapateirana exprime-se desta e doutras formas paralelas. Que as meninas andem à trolha ou joguem ao brutobol, mesmo que não queiram. E que os rapazes andem a pentear Barbies e a fazer jantarinhos, mesmo que lhes não apeteça. Com o nobre fim de se não transformar os rapazes nos violentos díscolos que estão na massa do sangue de tudo o que nasceu com pilinha.
Pensar-se-á que se trata só de uma lei idiota, ou ridícula. Não é. É uma consequência da moral socialista. Esta chega, lá no sítio, a defender a ostracisação dos melhores alunos em nome da paridade, uma vez que um aluno muito melhor que os outros causa nestes problemas psicológicos gravíssimos por se sentirem menos bons. É o que diz o “guia” quando propõe que sejam eliminados todos os jogos competitivos, uma vez que podem motivar sentimentos de liderança de algum aluno em relação aos demais, isto é, programando os jóvens para… perder.
É este o mundo zapateirano, em particular, socialista em geral, progressista q.b.
Lá chegaremos, deve pensar o nosso amado líder nos salões de São Bento.
Traição à Pátria
O PNV, Partido Nacionalista Basco, decretou que, no próximo ano lectivo, todas as escolas da “autonomia” passem a ensinar euskera (língua basca), como primeira base de todas as letras.
Basta andar nas ruas de San Sebastian, Bilbau ou Vitória, para perceber que o castelhano é a língua veicular de toda a gente, não passando o basco de uma reminiscência, de um saudosismo de pataratas, de uma curiosidade cultural, de um argumento terrorista, ou de legítima entretenha de uma muito minoritária minoria.
Mas as “autoridades” querem mais: acabar com o ensino nas três opções que já têm (bilingue, euskera mais castelhano e castelhano mais euskera). As criancinhas ver-se-ão obrigadas a falar e a aprender numa língua que as isola do mundo e que não tem senão (pouca) expressão nos limites de uma limitada área.
Na Catalunha, os partidos republicanos, separatistas, nacionalistas e comunistas, andam numa fona porque o senhor Rajoy declarou que, se eleito, obrigaria a que o castelhano fosse língua veicular do ensino em todo o território. Só lhes falta pedir aos seus eleitores que votem no PSOE, única formação capaz de fazer frente ao PP.
Mais. A Catalunha vai tratar de assegurar que os imigrantes (13% dos alunos) passem a ser escolarizados em catalão, e não em castelhano. Outra língua que, a nível global, não vale um caracol, vai ser impingida a magrebinos, moldavos ou romenos, eventualmente para os manter para a vida a trabalhar para os catalães.
Ruína razoável
Segundo o senhor Solbes, “a Europa está razoavelmente preparada para uma certa desaceleração”. As queixas dos espanhóis quanto à economia são, na boca do senhor Zapatero, pouco patrióticas. Quer dizer, se um tipo deixar de poder dar de comer à família e se se queixar da sua sorte, estará a trair a Pátria. Lindo.
Quando o senhor Solbes, no declínio do felipismo, deixou a economia espanhola em paz, o país estava à rasquinha para cumprir o pacto de estabilidade e os critérios do euro.
Veio Aznar, que compreendeu o estado em que a economia se encontrava e levou por diante um tratamento de choque que só nos tempos do senhor Ehrardt encontrará paralelo. E fê-lo com recurso a uma receita que só costuma prejudicar os políticos: cortar despezas, congelar os salários, liberalizar a economia e não aumentar os impostos. Assim salvou a economia. Os três milhões de desempregados legados por Solbes e Gonzalez viram aparecer cinco milhões de empregos (em seis anos!). O Estado, esse, passou de deficitário a superavitário.
Zapatero, rapidamente, inverteu as coisas. Em compensação, entreteve os espanhóis com questões “fracturantes”. Como as pessoas não comem questões fracturantes, o resultado está à vista: já ninguém é capaz de negar que a economia espanhola está a ir por água abaixo.
Por cá, nem vale a pena falar no assunto: o buraco está aí, cada vez mais fundo e mais ameaçador. Tudo foi foi feito ao contrário. As despezas do estado não desceram, os impostos subiram, o desemprego é galopante. Pobres de nós!
António Borges de Carvalho