ABAIXO DE TRAMPA
Quando, ontem, protestou contra a posição do Bloco de Esquerda sobre a participação do Exército na homenagem ao Senhor Dom Carlos, longe estava o autor destas linhas de imaginar que o ministro da defesa que o senhor Pinto de Sousa nos deu iria proibir tal participação.
Eis o que, com toda a Justiça, se pode chamar uma atitude FASCISTA.
O homúnculo que temos na pasta da Defesa – não me refiro à sua inexpressiva estatura física, mas à sua qualidade moral - está bem ao nível do governo a que pertence.
Não basta ser preciso que haja um grupo de cidadãos a tomar uma iniciativa que, se houvesse neste país um mínimo de dignidade e de respeito pela História, devia ser tomada pelo Estado. É preciso que tal iniciativa seja suja com inconfessáveis objectivos políticos e que o Exército seja proibido de participar na homenagem a um Chefe de Estado constitucional e democrático que foi um dos seus mais ilustres Comandantes. É preciso ser muito rasca, extremamente rasca, ofensivamente ignorante, repulsivamente tolo, para fazer o que fez o senhor Saturniano Teixeira, ou lá como é que o homem(?) se chama.
A que profundezas de indignidade é possível um cidadão, e um ministro, chegar, é coisa a que a mais rebuscada imaginação não consegue chegar. A realidade é muito mais porca que a fantasia.
Está ressuscitada a mentalidade persecutória e inimiga da Liberdade e do respeito pelas pessoas e pela História que foi timbre das duas primeiras repúblicas. A terceira mergulha rapidamente no mesmo espírito de intolerância, de propriedade da verdade, de uso do poder a benefício de facções e não dos cidadãos.
Salva-se, no meio deste horrível pântano, o Exército, que, por si, teria muita honra em honrar quem honrado foi e honrado merece ser. Espera-se que, ao menos, a bofetada carbonária e terrorista que o homúnculo deu ao Exército tenha, no Exército, as devidas consequências. Já se tinha percebido que o homem era ausente de qualquer sombra de jeito para lidar com os militares, mas não se imaginaria que pudesse chegar a este ponto.
António Borges de Carvalho