A CÁFILA
Diz-se, com foros de verdade, que ao capitão Salgueiro Maia se ficou a dever a ausência de mortos e feridos durante o golpe militar do 25 de Abril, sem prejuízo do seu empenhamento na liça.
Talvez não tenha, afinal, sido esse o seu maior feito. O militar em causa, caída a ditadura, recolheu a quartéis. Nunca foi general de aviário, nem passou à peluda continuando a receber o ordenado e a ser promovido.
Muitos dos que hoje o elogiam fizeram o contrário. Agarraram-se ao poder, tutelaram-no, viveram à custa dele sem fazer a ponta de um chanfalho e ainda hoje se acham no direito de obrigar a que os ouçam em tribunas que lhes não pertencem.
A boçalidade de um Vasco Lourenço, bem como o facto de ser escolhido pelos seus pares para a guerra política, mostram bem os sentimentos “democráticos” que os animam. A si próprios continuam a atribuir direitos que se julgaria terem querido dar aos outros.
Parece que esse bimbo idiota e convencido, o tal Lourenço, sonha candidatar-se à presidência da República. Dir-se-ia que ainda bem: levaria uma tunda de tal ordem que seria, de uma vez por todas, posto a propagandear a sua importância e as suas ideias lá em casa. Pura ilusão. A importância que a si próprio atribui continuaria, bem como imprensa a servir-lhe de trombone.
Se queremos respeitar e homenagear Salgueiro Maia e a sua memória, façamo-lo lembrando a todos que entre ele e os lourenços, os correias, os santos, os otelos e outros que tais, há uma colossal diferença: a que separa um homem honrado que arriscou sem ambições pessoais e os que por lá andaram à procura de galarim, de palco e de honrarias.
Houve outro “capitão da Abril” que não quis deixar de defender as suas ideias políticas. Usou a liberdade cívica que tinha ajudado a recuperar: Marques Júnior. Mas fê-lo como cidadão: candidatou-se e foi eleito. Também ele fez a diferença em relação ao Lourenço e aos seus sequazes. Tire-se-lhe o chapéu.
O 25/40 virá.
A cáfila discursará à mesma hora que os eleitos.
Como é evidente, a “informação” vai dar-lhe a atenção que não merece.
Continuamos na mesma.
20.4.14
António Borges de Carvalho