A ESCOLHA DE SÓCRATES
Quando a escolha é entre A e B, nada mais fácil, põe-se um papelinho com o nome do A e outro com o do B dentro de um saco, sacode-se e pede-se a um passante que tire um papelinho. Tudo com testemunhas, como é lógico. Simples e infalível.
Mas quando a decisão é da nossa Justiça, fia mais fino. A coisa é feita por via informática. Parabéns. Junta-se uma data de malta a assistir, a fim de testemunhar a infalibilidade do sistema. O sistema falha três vezes, até que um resultado surja aos olhos de todos. É claro que não haverá muito quem acredite que o “sistema” só funcionou quando o resultado era a contento.
Mas, atenção! Segundo as mais credíveis entidades, o sistema, ou o esquema, inclui um algoritmo tal, que impõe a escolha a partir do trabalho que cada um tem, ou seja, entre dois, escolhe o que está mais desocupado, ou menos ocupado. Assim, sairá sempre o mesmo. É garantido.
Conclusão: ou por aldrabice no sorteio (quatro vezes até dar certo!), ou por causa do algoritmo, só podia sair um deles porque, entre dois, há sempre um (o escolhido ou a escolher por “sorteio”) que tem menos trabalho que o outro.
Postas as coisas em termos de elementar juízo, verifica-se que, fossem quais fossem os caminhos “informáticos”, o resultado seria sempre o mesmo, a saber: o escolhido seria sempre o que não fosse Carlos Alexandre.
No meio desta monumental aldrabice, viu-se a alegria esfusiante de Sócrates e dos seus 7 apoiantes, que nem por intervenção divina queriam que Carlos Alexandre continuasse a “perseguir” o impoluto cidadão.
Se algum bom senso, ou mero sentido de dignidade própria existisse, haveria que anular o “sorteio” e fazer a coisa segundo o sistema dos dois papelinhos. Em vez disso, as altíssimas autoridades judicais que têm competência na matéria resolveram lançar um processo de averiguações quando o juiz Alexandre veio levantar as suas mais que legítimas dúvidas sobre o mais que suspeito esquema, seja por causa das indiscutíveis “falhas” informáticas, seja por mor de um algoritmo evidentemante inaplicável no caso de haver só dois candidatos.
Tudo, no fundo, ao serviço do Sócrates. Assim vão as coisas no seio da geringonça.
18.10.18