À ESPERA DOS GAMBOSINOS
Segundo o desagradável Coelho (Jorge!), a pessegada dos incêndios, dos mortos, dos prejuízos brutais que o Verão e os incendiários trouxeram, não tem responsáveis. Na suave companhia dos geringonços da “Quadratura do Círculo”, com o acordo entusiástico do Pereira e a vergonhosa chancela do outro, declarou que é preciso esperar pelo relatório da “comissão técnica independente” para ajuizar se há culpas de alguém, e quais. Quer dizer, culpas, responsabilidades, incompetências, pés pelas mãos, só de carácter “técnico”. Tudo, mas tudo o que possa cair na esfera do chamado governo, fica de fora.
É inacreditável, sobretudo vindo de um tipo que se demitiu porque caíu uma ponte, e não se importa que haja quem diga que se foi embora porque tinha um tacho à espera numa firma de empreiteiros.
No caso dos incêndios, diz ele, é preciso esperar pelas conclusões da “comissão técnica” e, é de pensar, nas dos trezentos e quarenta inquéritos que foram lançados pela chamada ministra e outras entidades tidas por responsáveis.
No entanto, uma coisa há indesmentivelmente provada desde a primeira hora: nada, no sistema, funcionou como devia, nem antes, nem durante nem depois da crise. E todas as instâncias que entraram em jogo, e falharam, dependiam do governo em geral e, em particular, da chamada ministra e do chamado primeiro ministro. E não há responsáveis? Há-os, perfeitamente identificados, e são todos do chamado governo. Não é preciso inquérito nenhum. A “comissão independente” poderá encontrar inúmeros falhanços, mas todos “técnicos”, nenhum político, até porque não tem mandato para tal.
Os atiradores vão caçar uma série de gambosinos, mas a caça grossa fica de fora.
Assim se vê o que é a honestidade da geringonça.
8.9.17