A GRANDE BARRACADA
Após aturado e interminável teasing, os cérebros económicos do PS, na augusta presença do grande Costa e com a pompa e circunstância que tal presença merece e impõe, apresentaram ao povo as suas geniais ideias. Aleluia!
A oração de sapiência foi proferida por um tal Centeno, homem de frajinha grisalha, todo sorridente, todo ufano da sua altíssima missão e do seu ingente quão brilhante trabalho. Lá atrás, comovido, o drácula Galamba babava-se de justo orgulho. O cenário era vermelho, resplandecente, uma tara.
Vai daí, o homem atirou ao povo a sua bem preparada palavra. O pior (ou o melhor, de um ponto de vista humorístico/psiquiátrico) é que não percebia nada do assunto em apresentação. À boa maneira do grande manitu Soares, não sabia a diferença entre 20 e 83, tanto lhe fazia 5 mil como 5 milhões. O camarada ria e confessava que já não se lembrava, parecia o Relvas a cantar a Grândola.
É claro que o precioso documento não merecia tão fraca performance. Ou, se calhar, merecia. Talvez por isso a sessão solene tenha sido marcada para um dia em que a publicidade ia toda, em todos os canais, para a desgraça dos 6 a 1 que o Fê Cê Pê levou, quem sabe se por culpa da Merkel. Os consultores de imagem do PS, os gurus da informação do PS, prevendo a barracada, devem ter aconselhado a data e a hora, a fim de evitar demasiados comentários.
No entanto, a bem da verdade dos factos, reconheçamos que o “documento”, tão laboriosamente imaginado por tão alta gente, contém notícias fantásticas:
- A austeridade vai acabar!
- Os salários vão subir!
- A contribuição extraordinária chegou ao fim dos seus dias!
- As pensões vão ser repostas!
- O IVA vai descer!
- O Estado vai investir!
- O desemprego vai acabar!
- Quem ganha pouco vai ter um ordenado suplementar!
E muito mais, tanto que não cabe neste espaço, ou de que já me esqueci. É difícil memorizar tantas, tantas benesses, a nossa memória fica submergida na alegria imensa, na emoção sem limites que estas coisas nos causam, enchendo-nos o peito de esperança e fé. Não é?
Não é não senhor. O que estas patacoadas causam é pânico. Andamos a copos de água há tanto tempo para pagar as dívidas do 44, e o que nos oferecem é o mesmo que o dito nos ofereceu: a bancarrota.
Consta que os tipos da troica já reservaram passagens para Lisboa, com periodicidade mensal, a utilizar caso o PS ganhe as eleições.
22.4.15