A QUEDA DE UM ANJO
É bom ser ambicioso. Mas a ambição, às vezes, é má conselheira.
Veja-se o caso de Rui Rio. O homem teve uma actuação notável, conquistou o Porto contra o Pinto da Costa (feito notabilíssimo!), governou bem a cidade, prestigiou-se. Tinha uma carreira partidária imaculada, um estatuto profissional decente, uma postura cívica – seja lá isso o que for – sem mancha, um conhecimento público generalizado, boa imprensa. Em resumo, estava em posição de ter ambições. Se quisesse, mais cedo ou mais tarde podia ser líder do PSD, primeiro-ministro, presidente da república.
O pior é o resto. O resto, na opinião do IRRITADO, é que a ambição o fez começar a asnear. É notório que coisas intermédias já não lhe chegam: a presidência é que é bom.
Assim, desdizendo-se, aparece sem pudor a apoiar o Costa, a lançar bocas presidencialistas, a armar-se em reformador do regime. Como se pudesse vir a ser candidato com o apoio do PS, ou sem o apoio do PSD! Não vê que tanta “abrangência”, tanta “independência” o podem, por um lado, prejudicar e, por outro, o metem no saco do mais evidente oportunismo?
Pode ser que ainda vá a tempo de arrepiar caminho. Se não, é a queda de um anjo.
10.12.14
António Borges de Carvalho