A SEGUIR SERÁ PIOR
Julgo que toda a gente já percebeu que o “pacote” da habitação folcloricamente apresentado pelo governo é uma pessegada idiota, impraticável, totalitária e geradora de mais burocracia. O pior é que haverá quem goste.
Para além das críticas que, de todos os lados, já andam por aí, e muito bem, ou muito mal, o IRRITADO deixa uma pergunta que tem a ver com a alegação de que os senhorios se recusam a arrendar as suas casas, milhares e milhares de casas “devolutas”, dizem. A resposta é: porque, ou elas precisam de obras que os proprietários não podem pagar, ou porque os proprietários são parvos. Não conheço nenhum que, tendo um bem imóvel em condições, se recuse a tirar dele rendimento, condenando-o, e si próprio, à ruína.
É claro que as trafulhices totalitárias anunciadas se inserem na ideologia (não na realidade) muito cara à esquerda radical - e, portanto, adoptada pelo PS, consistindo na luta sem tréguas contra a propriedade privada que, passo a passo e sob a orientação da Mortágua, vem fazendo perigar a democracia liberal e continuar a condenar os portugueses à miséria. A última coisa que anima as hostes no poder é a resolução do problema habitacional que, vítima das suas políticas, vem aumentando brutalmente durante os últimos sete anos. Se assim não fosse, em vez de cair a quatro patas sobre os cidadãos e os bens privados, o governo anunciaria, por exemplo, o aproveitamento do seu gigantesco património imobiliário, ora devoluto, para habitação. Anunciaria o fim das medidas que têm desincentivado o investimento privado em construção de habitação, coisa que, hoje, por acção do poder, é menos de dez por cento do que era quando a geringonça o cavalgou. Anunciaria o emprego dos milhões que diz ter disponíveis no investimento habitacional de Estado, que está a dormir há anos e anos. Nada disto estás nas “medidas”. De resto, e apesar das que há quem ache “positivas”, como a da facilitação dos licenciamentos, o governo cria um sistema que vai atulhar as pessoas em nova burocracia e os tribunais em nova conflitualidade civil.
E a pessegada fiscal? Indescritível. E o controlo das rendas? Absurdo. E a política de dependência do Estado? Total. E os atentados à liberdade? Sem limites. E a Constituição? Não interessa.
A orquestra da esquerda acha pouco, mas afina os instrumentos. Quem for contra o atentado em marcha vai ser apodado de radical, fascista ou fascizante, troglodita, estúpido, inimigo do povo... merecerá todos os "encómios" da cartilha.
É nisto que estamos. A seguir será pior.
22.2.23