AI MANUELA!
Dona Manuela, sempre atenta ao que se passa, resolveu mudar de agulha. Como já não se justifica perseguir Passos Coelho, resolveu dar umas bicadas à geringonça, correndo o risco de desagradar a Rui Rio, nóvel protector e e quase sócio de tal e tão distinta agreminação. Não, não pegou no César pelos cabelos por causa das viagens a dobrar. Não pegou no Pinho, perdão, professor Pinho por obra e graça dos electricistas. Não pegou nas patranhas do Centeno, grado figurão “europeu”. Nem noutros altos responsáveis merecedores das mais acerbas críticas.
Escolheu, escolheu, e decidiu, na sua coluna privativa do “Expresso”, atirar-se à chamada ministra da justiça. Fundamento? O do peregrino assunto do mapa judciário.
Toda a gente sabe que é tarefa primordial dos membros da geringonça, sob pena de demissão ou de lavar algum pontapé pela escada acima, dar cabo de tudo e mais alguma coisa que o governo legítimo tenha feito. Toda a gente sabe que, no cumprimento dessa nobre missão, a tal ministra há muito começou a actuar, destruindo o que tem à mão, custe o que custar e a quem custar, “revertendo” em vez de reformar. Dona Manuela só agora deu por isso. E, mui sabedora, trata de criticar a outra por “desfazer” em vez de “fazer”. De acordo. Só é pena que a hebdomadária escritora tenha levado mais de dois anos para perceber os “desfazeres” da geringoça e dos seus agentes.
Acorda tarde, e mal. Mas, como é preciso encher a coluna dos Sábados sem bater demais e, ao mesmo tempo, dar um arzinho de “independência”, arranjou esta de se pôr a chover no molhado.
21.4.18