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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

AINDA O CHARLIE

Dada a monumental berraria que por aí anda, parece nada justificar que o IRRITADO volte à carga com a história do “Charlie Hebdo”.

Apesar de tudo, há alguns detalhes que não será dispiciendo referir.

O primeiro diz respeito ao mais recente boneco que o “Hebdo” publicou, ou vai publicar e que aparece em todos os jornais: o senhor Maomé (julgo que seja ele o retratado), com cara de caso, ostenta um papel que reza o sacramental “Je suis Charlie”; por cima, uma legenda diz que “Tout est pardonné”.

Ainda não vi quem, para além dos obrigatórios elogios à coisa, explicasse o que aquilo quer dizer. Será que os cartunistas vêm comunicar que Maomé, em representação da generalidade dos muçulmanos, vem dizer que não está de acordo com os assassinos, sendo ele também “Charlie”? Se assim for, a frase por cima quer dizer que lhes perdoa? Se os condena, tão precipitado perdão é, pelo menos, absurdo. Será que são os cartunistas a comunicar que perdoam, quais Cristos, a quem lhe matou os colegas? Não parece lógico. Será que os autores do boneco estão a pedir perdão das caricaturas tidas por ofensivas do Islão, ou seja, é uma oferta de tréguas? Ah!, é verdade, o boneco do Maomé tem uma coisa a que chamam lágrima. Está a chorar porquê? Porque morreram os jornalistas ou porque morreram os que os massacraram? Ou os polícias?

Venha o mais pintado fazer a hermenêutica da críptica mensagem.

Eu sei que a minha inteligência está muito abaixo de muitos dos meus colegas mortais. Às vezes, dou comigo a decifrar cartunes, por aí publicados no “Expresso” e não só, e a pensar: que quer este gajo dizer com isto? Uma vez por outra, com algum esforço, interpreto, quantas vezes sem saber se a minha interpretação interpreta como deve ser. Paciência, como dizia acima, trata-se de gente para-genial, com todo o direito a gozar com a malta. Deve ser o caso deste Maomé.

Outro assunto. E se eu publicasse um boneco com a dona Maria Cavaco em trajos menores, a dar com uma moca nas bimbas do Santana Lopes? E se eu publicasse um boneco com o Cardeal Patriarca, com ademanes de horizontal, a engatar rapazinhos à porta da Casa Pia?

Onde acaba a piada e se entra no insulto? No Charlie Hebdo, o papa a elevar um preservativo, com um fundamentalista judeu e outro muçulmano a seu lado, o que é?

A intocabilidade da liberdade de expressão, que não se põe em causa, tem limites em todas as democracias. A França, por exemplo, manda para o chilindró quem diz coisas anti-semitas, a “compreensão” ou nagação do Holocausto é crime, etc.. Então, é proibido dizer cobras e lagartos dos que ofendem a democracia, a “Republique”e os judeus, ao ponto de os prender, mas não é proibido fazer o mesmo com o cristianismo e o muçulmanismo?

Entendamo-nos: matar os jornalistas do “Charlie” foi um crime hediondo, abominável, repugnante, como os são os do Boko Haram, da Alcaida, e de tantas outras organizações de inspiração semelhante. Entendamo-nos: a liberdade de expressão é um bem precioso. Como todas as liberdades tem os seus limites nas dos outros e no respeito pelos outros. A sátira, a troça, a irreverência, a diatribe, são direitos, ou armas preciosas de todos nós. Mas há limites.

Posto isto, espera-se que a indignação que, com toda a justiça, o caso causou, sirva para defender a segurança e liberdade de expressão das pessoas, não para “santificar” os abusos que, à pala dela, se cometem.

 

14.1.15

 

António Borges de Carvalho

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