ALDRABICES
Há para aí um ano, recebi um cartão de “Antigo Combatente”, no qual está escrito que tenho direito a: a)“Isenção de taxas moderadoras”, b)“Gratuitidade do passe intermodal dos transportes públicos das áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais”, e c)“Gratuitidade da entrada nos museus e monumentos nacionais”.
Todo contente, meti-me no autocarro e mostrei cartão ao motorista. O tipo riu-se e vendeu-me um bilhete. Depois, fui à baiuca da Carris. O homem olhou para o cartão como boi para palácio e mandou-me dar uma curva. Fui então a um museu do Estado e, sorrrindo, a menina, muito simpática, vendeu-me um bilhete. Felizmente, ainda não precisei de ir a um hospital público, por isso é-me legítimo ter a certeza de que teria que pagar a taxa.
Ou seja, era tudo mentira.
Mas, hossana!, mais de um ano depois, o chamado governo (a ministra da defesa é a mesma senhora que, como secretária de Estado, mandava os cartões aos combatentes) vem anunciar, com a propaganda habitual, que está a tomar medidas para “operacionalizar o sistema”. Presumo que, daqui a dois anos, a mesma senhora venha dar uma conferência de imprensa onde, lado a lado com o primeiro-ministro e com fanfarra da GNR, anuncie que, “dentro em “breve”, será emitido o primeiro passe e dados meios burocráticos aos museus e hospitais para cumprir o prometido.
O IRRITADO, para ser franco, marimba nisto tudo. A verdade é que já estamos habituados à “veracidade” dos anúncios do governo.
24.3.23