APRENDER
O grande líder e educador das massas nortenhas vem reiterando terrívies ameaças por causa de uns voos deficitários que foram cancelados pela TAP.
Para além das considrações, mais ou menos malcriadas, já aqui publicadas, faça-se uma reflexão simples.
A TAP, como a generalidade dos transportes propriedade do Estado, tem sido - apesar de uma gestão que não é posta em causa a não ser por sindicatos vários, o que não interessa, porque dizer mal da gestão está-lhes na massa do sangue, não na lógica das coisas – um cancro nacional sem solução.
O governo anterior em boa hora tratou de a vender, coisa corriqueira no ramo: já aconteceu na Suiça, na Bélgica, em Espanha e em mais não sei quantos países, europeus e não só. Nenhum desses países sacrificou a nacionalidade fiscal dessas empresas, nem a “soberania nacional”, nem se agarrou ao cadáver das “empresas de bandeira”, antes se livrou dos seus cancros nacionais e os transformou em empresas que passaram a viáveis ou, caso contrário, cujos problemas caiam nos braços dos accionistas, não dos contribuintes.
Veio do socialismo, antes democrático, ora duvidoso, e resolveu reverter a seu favor a maioria do capital, numa solução inédita e tão duvidosa como o chamado governo “revertor”.
A gestão privada resolveu cortar rotas deficitárias, entre as quais aquelas de que se queixa o senhor Moreira, o qual desencadeou um ror de ameaças que, em boa verdade, não deviam meter medo a ninguém. E, dada a brilhante solução que o chamado governo adoptou para a empresa, recorreu ao chamado PM para arranjar solução. E este recebeu-o!!!
Há várias hipóteses de “solução”: ou o governo, ainda o esquema que fabricou não está em vigor, vai arranjar um trinta e um com os privados querendo obrigá-los a custear “obra social” em favor dos interesses que o senhor Moreira defende, ou é homenzinho e manda o senhor Moreira passear, ou, o mais provável, vem com a alternativa do costume, a qual consiste em aplicar à TAP a tradicional prática que é a base da política nacional de transportes públicos, isto é, habilita a TAP com “indemnizações compensatórias”.
O país, passadas décadas e décadas de políticas de subsídios, já não sabe viver de outra maneira. A sociedade civil é, entre nós, mera subsidiária do todo poderoso Estado, e gosta disso sem perceber que, pelo caminho, se arruina a si mesma.
No caso concreto, se as rotas tão amadas pelo senhor Moreira valessem a pena, não faltariam empresas , low cost ou outras, a ocupar o tão útil lugar ora oferecido pela TAP. Mas o senhor Moreira não quer saber disso: se as rotas são deficitárias, a TAP que se aguente ou ou então que o Estado, entendendo-se por Estado os contribuintes, que pague.
Triste sinal do que há de torto na nossa vida colectiva. Parece que ninguém aprende nada. O senhor Moreira é só um pequeno exemplo do nosso analfabetismo económico.
18.2.16