ASSIM, NÃO
Caíu-me o queixo, ontem, quando vi reproduzidas as declarações do Moedas sobre uma estátua do Vasco Gonçalves, a erigir em Lisboa.
Para quem já não se lembra, trata-se do antigo comandante do Agrupamento de Engenharia da Região Militar de Angola, onde tinha por hábito dizer, à gargalhada, que estava na ZIAC (zona de intervenção do ar condicionado), em contraposição e troça das ZINs, onde a malta dava o corpo ao manifesto, e, mais tarde, lider incontestado das tropas soviéticas que, durantre mais de um ano, ocuparam Portugal e a que o povo português resistiu heroicamente.
Há um certo número de pessoas, vivas e mortas, a quem a democracia portuguesa - se é que, nas mãos do Costa, tal coisa ainda existe - poderia pensar em erigir estátuas, a começar em Mário Soares. Gonçalves jamais pertenceu a tal número, bem pelo contrário.
Eu, sei que, dada a sua tenra idade, o Moedas, ainda que descendente de comunistas soviéticos, não se lembre do que (se) passou nos horrorosos tempos em que a tropa do Gonçalves “governava” o país. Mas, se considerarmos o seu percurso político, sua aceitação da proposta (de quem?) de o homenagear é, pelo menos, obscena.
Pior ainda, é que, segundo li, o PS de Costa ainda não tenha reagiu a tal coisa, o que é, pelo menos, uma chapada na cara do cadáver de Mário Soares e do que ele foi e representou durante o gonçalvismo.
E tão mau é ver o Presidente da Câmara de Lisboa aos abraços/elogios a uma criatura tão sinistra como o Pedro Nuno Santos, sócio honorário da extrema esquerda, com quem, que remédio, devia ter uma estrita relação institucional.
Males a somar ao recuo no caso da Almirante Reis, à florestação da cidade com radares de calibre estúpido e, a todos os títulos, prejudicial, Moedas não é só uma desilusão autárquica, é uma desilusão política, e uma desilusão humana.
Autarquicamente, deu em fabricante de multas e perseguições. Politicamente, anda aos abraços ao governo e cede a quem, desde aprimeira hora, não pensa noutra coisa que não seja apeá-lo. Humanamente, ofende a sua própria honra.
Não sei se Moedas terá, ainda, tempo para recuperar a admiração de quem o apoiou e de quem o elegeu.
Em Portugal, tudo é possível, sobretudo o que é mau.
31.8.22