ATÉ QUANDO?
Se fizéssemos o mesmo (renováveis intermitentes), e ao mesmo tempo instalássemos 4 reactores nucleares semelhantes aos dos Emiratos, teríamos um sistema energético totalmente autónomo e com preços de energia previsíveis e dos mais baixos do Mundo! Este é o grande desafio da próxima década!
Há uns vinte anos, vivi três em Paris. A minha conta da electricidade era, surpreendentemente, muito mais acessível do que a de Lisboa. Nessa altura, não me preocupei muito em saber porquê. Depois, vim a saber que os preços da EDF eram o que eram porque a França tinha largas dezenas de centrais nucleares. Nós vivíamos no terror do nuclear (fora da agenda, como dizia esse génio chamado Pinto de Sousa, ou Sócrates, para os ignaros).
A situação mantem-se. O governo ignora, os partidos ignoram, os media ignoram, o os ecologistas não saem da cepa torta, antes pelo contrário, o povo, pudera!, mantém-se na ignorância, (des)informado por esta cáfila.
Hoje, grosso modo, pode afirmar-se que os preços da electricidade variam de país para país em função da produção nuclear de cada um. A União Europeia acabou por reconhecer que o nuclear é limpo, fiável, mais constante que qualquer outra fonte, mais “verde” e mais barato para o consumidor final. A tecnologia tem avançado, até a célebre questão dos lixos se encontra no bom caminho.
Para Portugal, o nuclear continua fora da agenda. Gastam-se milhares de milhões em intermitências várias. Segundo o poder, a salvação está no hidrogénio, coisa de que pouco se sabe e gasta brutalidades de energia “verde”, a qual talvez venha a ocupar vastos kilómetros quadrados e a dar cabo de inúmeras espécies, entre outras “benesses”. Ninguém sabe qual será o resultado final de tal política, o que se sabe é que se trata de uma experiência caríssima, fora do alcance da nossa endémica pobreza.
Na citação acima, o erro é dizer que é um desafio para a próxime década. Não é, ou seja, seria para já, se houvesse inteligência política em vez de demagogia eco-badalhoca e ausência de sentido de futuro.
Aqui temos, sim, um bom desafio, por exemplo, para o Montenegro, se ele tiver, ou tivesse, a coragem de remar contra a maré da estupidez há décadas instilada na cabeça das pessoas. A prazo, acredito que seria uma ideia útil, séria e triunfante.
Mas a política em Portugal faz-se de casos e casinhos, de faits divers e de polémicas sem sentido nem futuro. Usque ad?
6.12.220