ATENTADO
Trabalhei numa empresa cujo escritório desapareceu no incêndio do Chiado. Uma vez reconstruídos os prédios, a CML contactou-me para saber se queria exercer o direito de opção sobre a mesma área reabilitada. Recusei liminarmente. Já estávamos bem instalados. Além disso, não me cabia na cabeça meter-nos num prédio moderno, mas sem estacionamento.
Anos passaram e, na zona, a iniciativa privada conseguiu construir bons parques, muito facilitando a entrada e saída de automóveis sem problemas de maior. É certo que, entretanto, novos hábitos se criaram, grande parte dos moradores desapareceu, escritórios ocuparamb ou reocuparam algumas áreas, veio o turismo, o investimento, sobretudo estrangeiro, progrediu, surgiu o arrendamento local, etc. Mas, mercê dos privados (a CML pouco ou nada teve a ver com o caso), o Chiado ressuscitou, o comércio progrediu, as gentes voltaram a gozar o bairro.
Até que veio um tal Medina, descido do Porto com poder para dar cabo da vida dos alfacinhas.
Segundo a nova política, poucos ou nenhuns terão acesso aos tais parques de estacionamento. Dos portugueses, os frequentadores do Chiado irão para longes partes. Dizem que é por causa do clima, da poluição e de uma série de tretas vendidas como “inultrapassáveis”. O Chiado passará a ser residência de turistas e de investidores estrangeiros, já que dificilmente será possível a um português aceitar viver num sítio onde, para receber um familiar ou um amigo, tenha que pedir autorização ao Medina, e dentro de certos limites! O Medina ficará a saber quem visita quem, quando e a que horas. É, à moda socialista, a defesa da privacidade de cada um.
Para limitar a quantidade de automóveis na zona seria, talvez, de admitir que fosse preciso pagar uma taxa. Assim, quem quisesse, pudesse, ou não tivesse outro remédio, pagaria uma “entrada”, ou teria que comprar um passe mensal. Seria mau, não tirânico mas, se calhar, não suficientemente socialista.
O comércio do Chiado, maioritáriamente dedicado a pessoas com algum poder de compra, gente que anda de automóvel (fascistas!, dirão as esquerdoidas e os seus lacaios do PS - em crescendo por obra do Costa), passará a contar quase só com estrangeiros. A Calçada do Sacramento será pedonal, a fim de proibir o trânsito a velhos, cardíacos e grávidas. Nunca mais haverá saída do parque “da Império” ou do Camões, as dezenas de restaurantes da Trindade verão encolhidos os clientes, etc.
O Medina vencerá? É capaz disso. Haverá meios para travar mais esta loucura do tirano? A assembleia municipal está cheia de camaradas, o Costa está-se nas tintas, de Belém não haverá reacção. Só a resistência dos prejudicados poderá fazer fente à tirania. A ver vamos.
13.2.20