AUSTERIDADE
Segundo a primo-governamental excelência, apesar das difícies circunstâncias em que estamos e estaremos, “não haverá austeridade”. Palavra dada, palavra honrada, dizia a criatura há longo tempo. A prática levou-o a esquecer o dito porque, evidentemente, percebeu que isso de promessas, palavras dadas e outras sonoras declarações são incompatíveis com a sua personalidade. Esta de garantir que não vai haver austeridade deve ser levada à conta de um regresso à palavra dada, ou será o quê?
A demonstrar a coerência, a estabilidade e a coesão dessa coisa a que chamam governo, veio o luzidio crânio do senhor Vieira acrescentar a receita que já deve ter combinado com o Centeno, receita que, em frase de antologia, exprimiu assim, leiam bem: “despesas do Estado hoje são impostos amanhã”. Lapidar, não é?
Donde, ficamos sem saber o que será austeridade na cabeça desta gente. Os inevitáveis impostos do crânio luzidio pelos vistos não são austeridade. Alguma mezinha que o chefe dele tenha inventado também não parece que seja. Mais desemprego também nada tem a ver com austeridade. O aumento brutal da dívida do Estado ainda menos. A malta sem cheta não é austeridade. “Se não tem massa que se meça, coma nabiça, por aqui não passa, ora vá à missa”, diziam os antigos. Deve ser este conceito o que preside ao governamental “pensamento”.
Enfim, o melhor que temos a fazer, se pudermos, é economias, a fim de poder pagar a não austeridade de um e os impostos do outro.
17.4.20