BAIRRISMOS
... lançar uma candidatura vencedora e nacionalmente reconhecida a partir de uma cidade que não a capital do país é uma tarefa muito próxima do impossível, disse Rui Rio ao “desapresentar” a sua candidatura à Presidência.
Trocado por miúdos, o que ele deveria dizer era que jamais se aguentaria com a candidatura do Marcelo, que ia meter-se, financeiramente, numa camisa de varas, que não avançava (aí tinha razão) para perder, ficando até atrás de um patacão como o Nóvoa e de uma montanha de laca como a Mª de Belém.
Não é grave. Mas o argumento é uma tristeza. Pergunto a mim próprio quando é que os meus amigos do Porto se livrarão do bairrismo primário que tão profundamente os caracteriza. Primário, não porque o bairrismo, em si, seja um mal, mas porque o seu fundamento não é o das qualidades próprias mas o da inveja do Sul, dos “mouros”, dos outros. É um fenómeno quase exclusivamente portuense. Coimbra, Braga ou Setúbal, por exemplo, não se definem por oposição a terceiros, definem-se pelo que são, com legítimo orgulho.
À falta de melhor, Rio vem pôr as culpas à “capital”. É um costume que, se pode ficar a matar numa peixeira do Bolhão, fica pessimamente a um tipo como o Rio cuja valia, vai, ou devia ir, muito para além de ser do Porto ou de outro sítio qualquer.
16.10.15