BOTABAIXISMO
E lá veio o famoso orçamento do Estado. Dentro do prazo, claro. Imagine-se a algazarra que haveria por aí, se os tipos se atrasassem um dia que fosse.
Novidades? Nenhuma. Quem é contra o governo diz cobras e lagartos. Quem é a favor do governo acha que é um bom esforço. O PS não esteve com meias medidas: a Maçonaria, os socretinistas, a velhada, anunciaram o seu voto contra muito antes de saber o que lá vinha. O PC e o BE nem precisavam de o dizer, votam contra por religião.
Razão pela qual, o voto dessa gente toda não vale a ponta de um chanfalho, já que foi anunciado fosse qual fosse o conteúdo do papel. Se já estava decidido, de que servem as “análises”?
Para o governo, como é evidente, o orçamento foi um bom esforço, um trabalhão para acalmar as birras do CDS, uma chatice para acomodar as arrancadas do ministro do ambiente, um quebra-cabeças para tentar cumprir tratados, memorandos e outros pinchavelhos, dando, ao mesmo tempo, alguma esperança a alguma gente. Um trabalho de artista de circo, a tentar coisas que se diria impossíveis.
Vai dar bom resultado? Ninguém sabe, excepto aqueles que já “sabiam” que a coisa não prestava – nem era preciso vê-la. Para o governo, a vida vai ser um bocadinho menos pior do que era de temer. Para nós, é um enigma: há-de ser o que calhar, como diziam os soldados quando iam para o mato no Ultramar.
Uma asserção é mais que certa: se fosse o PS, a desgraça estava garantida, como os últimos tempos têm, com fartura, demonstrado.
18.10.14
António Borges de Carvalho