BURRICES E ESPERTALHICES
Então não é que o PS vai a eleições para escolher o seu “candidato a primeiro-ministro”? Minhas senhoras e meus senhores, é verdade!
O PS que, como a restante opsosição, faz da nossa abstrusa Constituição arma de arremesso político, descobriu de repente que, em Portugal, há candidatos a primeiro-ministro, coisa que só existirá na cabeça oca do Oco e no bestunto ordinário de quem o traíu, o Costa. Na Constituição tal coisa não existe, não senhor. Pura invenção. E, no entanto, um “universo eleitoral” de contornos indefinidos – outra trafulhice – vai “eleger” um candidato à coisa. É de estalo.
Diz quem lê o livro sagrado do socialismo que o Presidente da República indigita o primeiro-ministro tendo em conta os resultados eleitorais. Consulta os partidos com representação parlamentar e indigita quem quiser. Se a praxis do processo resulta, em regra, na nomeação do chefe do partido mais votado, tal não infirma que o PR possa nomear quem entender. É, aliás, o que, por absurdo, significa a nova invenção. Ao admitir, formalmente, que o indigitado pode não ser o chefe do partido mais votado, a inacreditável gataria socialista reconhece-o. Por outras palavras, não cabe ao vencedor das legislativas “nomear” o PM.
Pode o recém descoberto “universo eleitoral” escolher quem entender. Caber-lhe-á propor esse nome ao PR, se estiver em condições de formar governo - o que, mesmo que ganhe as eleições, não é garantido - e mais nada. Caberá ao PR aceitá-lo ou não.
O processo a que a vilania do Costa levou e que a Constituição, os estatutos do PS e a prática política não prevêm, tem destas coisas. A cobardia do Oco ao aceitar os efeitos de tal vilania ultrapassa a compreensão das pessoas, exluídos os comentadeiros e a a “informação”, entidades sempre prontas a perfilhar o que “está a dar”, em vez de olhar para as coisas como elas são.
Se o Oco não fosse oco teria dito: “Ai queres apear-me para te sentar na minha cadeira? OK. Vamos a isso. Pega nos estatutos e anda, que eu cá te espero”. Isto quereria dizer: usa a tua influência para convocar um congresso destinado a correr comigo, seguido de eleições em que serás candidato contra mim.
Mas o Oco está tão viciado em exigir demissões (v.g. a do governo) por processos ilegítimos, tais o golpe de Estado constitucional, que arranjou para a gataria socialista mais uma catraca de oportunidade.
Tão burro é o Oco, como espertalhão o Costa. Venha o diabo e escolha entre um burro sério (como alguém lhe chamou) e um espertalhão a quem ninguém chamou tal coisa ...
2.6.14
António Borges de Carvalho