CARTA ABERTA AO DOUTOR CAVACO SILVA
SENHOR DOUTOR
V. Exª terá metido, ou meteu, o pé na poça uma série de vezes. É verdade. Mas, como ficou hoje demonstrado, é um homem honrado. Piroso, mas honrado.
Deste pequeníssimo púlpito o saúdo. Exª disse o que tinha a dizer sobre a responsabilidade que lhe cabe de defender o país da horda que um boçal está a ponto de fabricar, para destruir, não só o prestígio, não só a honra, não só a coerência deste regime e desta democracia, mas também o seu futuro, a sua sobrevivência e a dos seus cidadãos e, além de tudo isso, os valores democráticos que têm norteado a República a que preside.
Por isso lhe lanço um apelo, a fim de, se disso for caso, poder sair com a cabeça levantada do seu republicano assento.
Suponhamos que os boçais dão cabo do governo que nomeou. Que lhe resta fazer, para ser coerente até ao fim? Nomear primeiro-ministro o burgesso Costa, aturar que o boçal Ferro tome assento da presidência do parlamento, assistir a um ilhéu de terceira a dominar as bancadas, tudo isto sem reagir, ver os comunistas a rir a bandeiras despregadas com o nosso naufrágio? Não!!!
Daqui lhe digo, senhor Doutor, senhor Presidente: apele à Constituição, coisa que não presta mas que, na contingência, pode servir. Use o artº 131º. Renuncie. Em vez de, na ausência de outro remédio, dar posse aos bárbaros, vá-se embora. Envie, como é constitucional nos termos daquele artigo, uma carta de renúncia à AR, mande pôr o seu carro privado à porta do palácio e vá para casa com a senhora sua esposa que, não se entende por que carga de água, nunca o larga. O Ferro, seu interino substituto, indigitará o burgesso. Não se preocupe. Daqui a uns meses, a malta dá cabo deles.
Entretanto, o senhor terá saído com honra, e como homem honrado será lembrado. Com saudade também.
Saudações democráticas
ABC
22.10.15