CARTA AO ELEITOR MODERADO
Quais deverão ser as preocupações do eleitor moderado no que toca ao sentido de voto nas legislativas? Não serão, ao contrário do que se diz, os problemas de fundo, nas finanças, na economia, no trabalho, na saúde e noutras, tantas, importantíssimas matérias. Todos os candidatos, sem excepção, apresentarão propostas tidas pelos próprios como salvíficas, todas a apontar um futuro de ultrapassagem dos problemas, um caminho novo, uma luz ao fundo do pavoroso túnel onde somos conduzidos pelo poder há mais de seis anos.
Sejam quais forem as prioridades do leitor moderado, hierarquizadas segundo os seus interesses e ideias, prevalecerá a confiança ou desconfiança nos candidatos. Se confiam nalgum, nele votarão. Outrossim, poderão não querer eleger algum mas fazer os possíveis por evitar a eleição de outro, ou para lhe diminuir a margem de manobra.
Postas as coisas neste pé, vejamos a situação que se apresenta ao pobre eleitor moderado. A situação é quase desesperante. O eleitor moderado não votará no Costa, porque, por um lado, não quer correr o risco de ver voltar a geringonça ao poder e, por outro, não confia num líder sem escrúpulos, que não assume responsabilidades nem tem peias no que à propaganda diz respeito. Mas, helas, garantido está que a qualidade do principal opositor, e proponente aliado, Rio, não dá sentido útil ao voto moderado.
Por outras palavras, o eleitor moderado pensará que o seu voto deve ser um voto de castigo.
Já que tudo indica não poderá correr com o Costa nem evitar que o Rio seja o “opositor” que é, sem alma, sem juízo, gabarola e convencidão, sem outro projecto político visível a não ser o de aspirar a ser bengala do adversário. Então, que opções? Um CDS sem vergonha e de rastos, não. Um inaceitável Chega, não.
Resta a IL como única opção com pés e cabeça: gente nova, com alguma preocupação com os direitos das pessoas e com condições para, pelo menos, abanar as águas do pântano podre em que vivemos.
Se não quiser, então que se abstenha, seja coerente com a sua indignação e com o seu pessimismo.
17.12.21