COMBATENTES
Na minha qualidade de combatente das guerras do ultramar – ditas gerras coloniais – fui comtemplado, uns trinta anos depois, com uma choruda “reforma” de 150 euros por ano, pagos, julgo, em Novembro. Muito grato estou, como devem calcular, à generosidade do Estado. Iniciativa, diga-se, do senhor Paulo Portas.
Não me tenho interessado, reconheço, pela situação da classe. Ainda almoço, uma vez por ano, com a dúzia e meia de camaradas de armas que me restam, e é tudo o que faço a tal propósito.
De resto, sei que temos sido olimpicamente abandonados pelo poder político, ao contrário do que se passa por exemplo em França ou no Reino Unido, seja qual for o conflito em que foram metidos ou se meteram, a sua razão ou o seu resultado final.
Vem isto a propósito de um debate que terá havido na AR sobre o assunto. Debate este do qual a chamada informação - hoje chamada media em latim, meios em português, ou mídia em português brasileiro ou português ignorante - não disse uma palavra. Sei que tal debate teve lugar porque uma deputada animalesca se enganou e, em vez de falar do assunto, falou de outro qualquer porque tinha trocado as cábulas. Assim, os tais media, referindo-se ao engano da rapariga, disseram que ela tinha trocado o discurso e tinha falado não sei de quê, em vez de falar nos, ou dos combatentes.
Os “mídia”, sempre cansativos relatores de tudo e mais alguma coisa que se passa na AR, nem uma palavra disseram sobre o tal debate.
Donde, tenho que reconhecer que o tema não só tem importância nenhuma para o poder político como, pior, não interessa a ninguém.
À minha geração (aos que não deram à sola para outras paragens esperando que alguém morresse por eles) nada resta a tal respeito. Falar para quê, se ninguém está disposto a ouvir?
O tempora o mores.
16.12.19