CONTASCOSTOMEDINOCRÁTICAS
Afinal a coisa fia mais fino do que tinha pensado ao escrever o meu post de ontem. As contas são ainda mais interessantes do que eu julgava. Costa, na sua intervenção no estrambólico comício do Porto, declarou gloriosamente que o passivo da CML, sob a sua distinta direcção, baixou 18%. Medina, seu sucessor (recorde-se que ambos são leais continuadores dos princípios filosóficos do 44), é mais modesto. Confessa que que tal baixa foi só de 16%. Para quem vai lendo estas coisas, tanto pode ser 18, como 16, como outro número qualquer. Trata-se, pelos vistos, de pura publicidade, sendo hábito de quem a faz exagerar as qualidades do produto.
Mas o nosso jovem não se fica por aqui. A dívida, cuja descida Costa tão ufanamente sublinhou (ao que julgo sem percentagens ou números), também baixou loucuras. Segundo Medina, de 641 milhões para 618: 4%! “Um esforço sem precedentes”, disse ele. Acrescentou que, se não tivesse extinguido a EPUL (o que deveria diminuir a despesa mas, segundo disse, a aumentou), e não fora ter tido que pagar 102 milhões à Bragaparques, teria descido ainda mais. Talvez. Deveria também ter acrescentado, mas não acrescentou, que a tal Bragaparques quer mais uns 300 milhões, donde se conclui que, se o tribunal for simpático, a coisa talvez se arremate por 200. Tudo por culpa das trapalhadas do Sampaio, do Fernandes, do Costa e da Roseta. Escusado será dizer que, para isto, não há provisões e, por conseguinte, não há reflexo nas contas. E ainda há quem diga que o 44 não foi um bom professor!
Mais adiante, o rapaz tem um ataque de seriedade, mazela de que o chefe não consta sofrer. Assim, confessa o brutal aumento de impostos - coisa que aos demais condena – cifrado (o aumento!), pelas contas dele, nuns agradáveis 60 milhões.
Segundo um vereador da oposição, não fora os milhões recebidos pela venda dos terrenos do aeroporto – depois dizem que o Pssos é mau... – a dívida teria aumentado. Mas disto não fala o Medina, ainda menos o Costa. Outro vereador criticou que as contas tenham sido apresentadas à imprensa antes de aprovadas pela Assembleia Municipal e antes que os próprios veradores delas tivessem conhecimento.
Os tais vereadores ficaram surpreendidos com esta arrancada publicitária com base num documento que ainda tem que passar por vários crivos... Mas convenhamos que, segundo a moral republicana é assim mesmo. Quem fala primeiro é quem mete as bocas, por mais ordinárias que sejam, na cabeça das pessoas.
21.4.15