CONVENIÊNCIAS
Aqui há uns anos, quando convinha a certa gente defenestrar Santana Lopes, uniram esforços Mário Soares, Cavaco Silva e Jorge Sampaio. Mário Soares porque não tolera que haja terceiros a gerir o país, que é propriedade plena do Partido Socialista. Cavaco Silva, porque lhe abria as portas de Belém. Jorge Sampaio, que tinha paulatinamente esperado pela “arrumação” do PS e do PC, para dar a sua arrochada no governo, na Constituição e no país. Além disso, há quem diga que era a forma de pôr a questão dos supostos pedófilos socialistas fora da agenda. Missão cumprida.
Agora, o PS - que jamais conseguiu engolir ver-se apeado do poder e que, por isso, exige eleições antecipadas de há três anos a esta parte - está, como no tempo de Sampaio, em posição vantajosa para o efeito. Daí que, para preparar as coisinhas, Costa tenha, antes de mais, ido apalpar o terreno a Belém. Deve ter pensado: Cavaco, que gosta tanto do Passos como gostava do Santana, é capaz de estar “sensível”; bem trabalhado, quem sabe se não compreenderá os meus objectivos? E se renovássemos a aliança de há três anos?
Não é mal pensado, não senhor. A receita já deu resultado uma vez, porque não há-de dar duas?
12.10.14
António Borges de Carvalho