CONVITE
O IRRITADO convida os seu leitores de Lisboa para uma jogada de mestre.
A malta junta-se, vai ao notário, e constitui uma associação sem fins lucrativos, com uma série imensa de objectivos socio-eco-culturais, ou outros quaisquer, desde que estejam na moda.
A seguir, vamos à Câmara. Expomos o assunto ao Fernandes. Este, com o extremoso apoio dos seus camaradas do PS, trata da coisa: oferece-nos um palácio. De borla, durante 30 anos. Porreiro pá. É de caras. A Câmara não deu já um palácio aos homossexuais, não deu a Casa dos Bicos àquela castelhana antipática e antiportuguesa que recebe os dinheiros dos direitos de autor do Saramago? Porque não há-de estar aberta à nossa humilde pretensão?
Conseguidas as instalações, a malta, que se comprometeu a recuperar o palácio, continua o seu trabalho. Com jeito e umas cunhas, vamos ao QREN e, bem construído o dossier, sacamos algum para as obras. E, como sabemos da poda, damos por aí uma volta aos fundos públicos disponíveis. Bem organizadas as coisas, está o caminho aberto para inúmeras realizações. Como somos gente séria, fazemos as obras, organizamos umas conferências sobre temas que estejam a dar, criamos uns prémios que os nossos amigos, mediante o parecer de um júri independente, ganharão, etc. Tudo com o patrocínio da Câmara, da EDP, do NOS e de uma infindável série de grandes mecenas.
Criamos emprego. Somos uns beneméritos. Nessa qualidade, seremos de interesse municipal e público, não pagaremos impostos e, pelo meio, que diabo, há-de escorrer algum.
Que acham? É genial, não é?
Para os que não sabem a que se refere o IRRITADO, leiam os jornais de hoje.
23.6.14
António Borges de Carvalho