CORAGEM E MANIGÂNCIAS
Já é adquirido que, dos challengers que parecem dispôr-se a desafiar Passos Coelho, não há um que valha um caracol. Uns não passam de uns “putos” mais ou menos espernéficos, ansiosos de protagonismo mas sem nada de substantivo a comunicar. Outros, material mais requentado, andam num frenesim, para a frente e para trás, quais enguias no alguidar, sendo o seu mais visível representante o regionalista provinciano que ainda não deu por que o princípio de Peter se lhe aplica na perfeição: chegou ao máximo admissível na Câmara do Porto. Ainda não percebeu.
Só há um challenger de peso, nesta tão desejada (pela esquerda) corrida à chefia do PSD. Chama-se Rebelo de Sousa, vive em Cascais, é ubíquo, palavroso e está na mó de cima dado o seu inegável popularuchismo. Para este, qualquer um serve para dirigir o PSD, desde que lhe dê cavalaria, coisa em que Passos Coelho é parco.
Venha algum que diga duas seguidas, e o IRRITADO far-lhe-á a justiça que merecer. Até lá, meus amigos, não há historieta que sirva. Passos Coelho tem ganho todas. Leva o seu tempo, mas leva-as avante. Até, imagine-se, ganhou umas eleições que não havia quem não jurasse que perderia. Tem uma das coisas que mais falta fazem em Portugal: coragem. Coragem com que mandou às urtigas o senhor Salgado, por convicção e sentido de Estado, sem medo das consequências - mais pendurices não, acabou-se. Coragem com que mandou investigar o seu amigo por causa de um curso que estava em dúvida, sem medo das “reacções” do dito, hoje já bem à vista. Neste caso, como em tantos outros, verifica-se a diferença: o PS andou a patinar quando o chefe foi apanhado em licenciaturas da treta, e o tipo continuou, anos, a dar cabo disto, com foguetes e charamelas. Coragem por ter afrontado os mais reles insultos, coisa que, hoje como dantes, anda por aí em força, à falta de argumentos ou razões. Coragem de ter uma linha, um estilo, uma firmeza, e segui-la, apesar da canzoada.
Pode o challenger-mor continuar à procura. É uma inultrapassável imposição do medo e do intriguismo visceral que, desde sempre, o anima. Pode dizer que não se pronuncia, para se pronunciar a seguir. Pode dizer que, no estrangeiro, não falará de assuntos internos, e depois falar. Pode enganar com beijos e abraços, ir à feiras, às peixeiras, às velhinhas, aos desastres, pode ter outrora inatingíveis ratings, pode tudo menos vergar Passos Coelho.
Ou me engano muito, ou o challenger-mor vai acabar por engolir as suas próprias manigâncias.
7.9.17