CRITÉRIOS E “CRITÉRIOS”
Aqui há dias, um amigo chamou a minha atenção para um debate na TVI entre André Ventura Miguel Sousa Tavares. Acabo de o ver.
Ventura, em resumo, disse que é contra o racismo, que acha que os que insultaram um futebolista com impropérios de cor de pele devem ser investigados e punidos, que se opõe ao racismo e à xenofobia em todas as suas manifestações.
Acrescentou que o caso acima tinha servido para criar uma acusação generalizada de racismo a toda a sociedade portuguesa, o que ele considera falso e inaceitável e que há uma enviesada interpretação de diversos factos que, sendo da mesma natureza, são considerados racismo se praticados por brancos e mera agressão se os seus autores foram de origem africana.
Por um lado, repetiu o óbvio, a indignação, a gravidade do acto dos adeptos do Guimarães e a sua clara condenação dos mesmos. Por outro, indignou-se com o facto inegável da existência de dois critérios opostos quando se trata de membros da maioria branca ou da minoria negra, aquela criminosa e racista, esta coitadinha e angelical.
Entre parêntesis, recordo a morte de um caboverdiano numa rixa de rua, que a esquerda fez tudo para transformar num crime de raça, sem o ser, e no assassínio de um estudante de engenharia branco por três gatunos guineenses, que nem uma palavra motivou, passando a criminal fait divers, sem direito, sequer, à identificação dos assassinos como negros. Na minha opinião, tanto os que mataram o caboverdiano como os assassinos do estudante eram pessoas, não brancos ou pretos, só que, no primeiro caso, foram automaticamente classificados de brancos (não se sabendo se o eram) e, no segundo, a cor da pele era coisa assessória, que era melhor não constar.
Queiram ou não, Ventura tem razão. Mas Miguel S. Tavares acha que não, e insiste que Ventura acha muito bem que tenham insultado o futebolista, que é racista e xenófobo, etc., a lista do costume. Diga Ventura o que disser, a classificação está dada, adquirida, certa. Valha-nos a tunda que Ventura lhe deu, bem merecida por quem tresouve o que lhe dizem, na sanha de fazer passar a opinião “ciêntífica, oficial, correcta e adquirida”.
Não sou eleitor do Ventura, mas acho que a esquerda em geral e a direita em particular, se não gostam dele, ou passam a ouvi-lo com mais cuidado e a não lhe responder com chavões, ou acabam por o tornar um herói para muito mais gente do que supõem.
Finalmente, diga-se que, como Ventura, acho um insulto, uma provocação ignóbil, uma inverdade absoluta, dizer que a sociedade portuguesa é racista, coisa que, criteriosamente e sem vergonha, a esquerda insiste em criar, seguindo à risca as “ideias” da mais racista de todos os portugueses, dona Joacine (seria Joaquina à nascença?). Para quê?
19.2.20