CULPAS E DESCULPAS
É sabida a enorme consideração que o senhor de Belém nutre pela comunidade islâmica do país, nas suas várias versões e práticas. Não é de levar a mal.
Compreende-se que, em viagem de Estado a um país muçulmano, tivesse os indispensáveis cuidados. Mas foi longe demais, e enganou-se se julgava que estava a ir ao encontro da assistência.
Sua excelência ultrapassou todas as baias. Perante uma plateia atónita e fria de académicos egípcios, declarou que os europeus que fazem acusações ao ISIS, ou Daesh, ou lá o que é, “deviam acusar-se a si próprios”. Aí temos o novo Portugal, o Portugal “radicalizado”, o Portugal encolhido, o Portugal borrado de medo, o novo Portugal. Se o ISIS faz uns atentadozinhos por aí, foi com carradas de razão. A culpa é dos europeus. Portugal apoia.
Os académicos egípcios que, pelos vistos, não são propriamente adeptos do terrorismo islâmico, só não patearam o senhor de Belém porque não seria “diplomático”.
Os media nacionais não ouviram, não viram, não comentaram, não disseram nada. Escapou uma reportagem na televisão, ínsita julga-se que por engano, ou por algum jornalista desalinhado que ainda ande por lá.
13.4.18