DA BURRICE IDEOLÓGICA
Por iniciativa do BE, deu-se aquilo a que se pode chamar a irreversibilidade da propriedade municipal da Carris. Segundo a lei aprovada pela malta apoiante da geringonça, a reversão da eventual privatização da concessão é coisa a continuar per omnia secula seculorum.
O senhor de Belém que, juridicamente, não é parvo, vetou a coisa com luvas de renda, isto é, argumentou com a leveza e o respeitinho que lhe merece a referida malta.
Há manifestações deste tipo (“irreversibilidades”) na Constituição que temos, algumas delas já ultrapassadas em revisões da dita. Mas, para acabar com outras disposições da mesma laia, será preciso estar em período de revisão constitucional e reunir para o efeito dois terços dos votos.
Não é o caso do caso da lei da Carris. Se ela passar, bastará a qualquer novo arranjo parlamentar revogá-la por maioria simples. Donde, a nova lei é pior que parva. Quer ser para sempre (um inultrapassável vício da esquerda, dona da “razão” e do “futuro”), e não pode. E, pelo menos neste sentido, é estúpida como os combóios. Desta feita a ideologia totalitária que a inspira auto-denuncia-se enquanto tal. Com o apoio deste PS, de quem tudo se pode esperar.
Engraçado é verificar que o Medina também é contra a lei, não por falta de fé esquerdoide, mas por medo de de perder uma fatiazinha de poder. É que, diz ele, a CML fica impedida de gerir o buraco como entender. Como já percebeu que, sozinho, não vai lá, quer deixar em aberto a possibilidade de recorrer a alguma esmola. Resta saber se haverá por aí algum benemérito.
10.8.17