DA DEFESA DA CULTURA
É verdade que a história dos mirós já pouco interessa. Mas a da aldrabice, do aproveitamento político, do tripudiar com a verdade, essa cheira mal, muito mal.
A dona Canavilhas, que foi ministra da cultura, não mandou classificar os quadros. A dona Canavilhas, quando soube que iam ser leiloados, não requereu a sua classificação. A dona Canavilhas sabia de ciência certa que bastava um requerimentozinho de qualquer cidadão para abrir um processo de classificação que impediria a venda, suspendendo todas as respectivas diligências. A dona Canavilhas sabia, desde os tempos em que se sentava na cadeira do poder, que a empresa que o mesmo governo criou para “rentabilizar” o património do BPN tinha intenção de vender os quadros e mais o que fosse vendável.
Donde se conclui que, sabendo tudo o que sobre o assunto se podia saber, a dona Canavilhas não mexeu uma palha para impedir a venda, agora proclamando que jamais a autorizaria. Se a minha avó tivesse rodas... Donde se conclui que, desde a primeira hora, a dona Canavilhas tem vindo a preparar cascas de banana para o governo, a fim de se “projectar” nos mal informados ou mal intencionados media como grande senhora, muito preocupada com os mirós. Coisa que jamais a preocupou. Se fosse no tempo dela, o governo já teria tomado a decisão, cheia de bom senso e de savoir faire, de empandeirar os quadros.
Gente fina, honesta, defensora da cultura...
10.2.14
António Borges de Carvalho