DA DOCÊNCIA
Segundo informações veiculadas por quem domina estas matérias, acontece que os protestantes professores, quando fazem greve – o que acontece quase todos os dias – continuam a ganhar o ordenadinho do Estado como se nada fosse. É que era preciso haver um procedimento administrativo qualquer para que o erário público não fosse prejudicado. Ora como ninguém sabe quem fez greve ou deixou de fazer, nem é possível determiná-lo, o educacional computador continua a processar os vencimentos com toda a naturalidade. Essa de competir aos sindicatos pagar os dias de greve aos grevistas, no caso desta nobre e tão prestigiada classe, simplesmente não funciona. As línguas mais viperinas sugerem uma possibilidade extrema: que há quem ganhe a dois carrinhos, o que, a ser verdade, explicaria muita coisa.
Outro dos chamados privilégios da classe tem a ver com as substituições. Explico: há docentes na prateleira, ou em inúmeras prateleiras, que usam ser chamados para substituir colegas que faltam, ou que estão doentes (calcula-se que pelo menos 10% de tais cidadãos, normalmente, estão doentes), ou que não dão aulas por outro motivo qualquer. Os tipos do ministério vão às prateleiras buscar substitutos, como é natural. Mas os emprateleirados são livres de dizer que não querem sair da prateleira: a escola proposta, seja lá pelo que for, não lhes convém. Não aceitam o convite, e pronto, adeus. Aqui é que está mais um gato: não aceitam, mas continuam a receber o ordenado como se aceitassem.
Malta fixe.
4.11.18